Flora - o desejo que se apresenta

Os Deuses na Religião Romana
A Estrada de Ouro

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Índice da Religião Romana

 

Ceres é a força que impulsiona o crescimento; Flora é o desejo que incita ao crescimento que é do Ser da Natureza.

Juno é o nascimento; Flora é a paixão desejosa.

Juno é o nascimento do Ser da Natureza; Flora é o desejo que alimenta o seu crescimento, o seu desabrochar.

Marte nasce de Juno com a contribuição de Flora. O ano novo nasce para crescer.

A finalidade do nascimento é o crescimento.

A finalidade de Juno é Flora.

Crescer, crescer sempre, expandir a Autoconsciência em direção ao caminho do Ser. A força que incita a crescer modificada e modelada em centenas de milhões de anos de adaptação da espécie da Natureza é Flora. O desejo, a vontade para a expansão (vontade de sobrevivência em primeiro lugar e por consequência crescimento constante e sistemático) é a relação dos Seres Humanos, e da Natureza com Flora.

O uso da vontade dos Seres impõe à Flora a intervenção através da transferência da Energia Vital; o abandono por parte dos Seres da Natureza do exercício da sua vontade priva-os da relação com Flora, tornando-os Seres sem tensão em direção à expansão, e sujeitos à pilhagem de qualquer um que pretenda deles se servir.

Assim, o Ser Leão ou o Ser Lobo, quando caçam, escolhem a presa cujo vínculo com Flora foi rompido ou está fraco. Do mesmo modo para colocar de joelhos os Seres Humanos, o açougueiro de Sodoma e Gomorra deve romper os vínculos entre os Seres Humanos e Flora; e para essa meta ele usa do terror.

Flora é o crescimento de tudo o que existe na Natureza.

Flora em si mesma se identifica com o Ser Natureza, mas o Ser Natureza, como cada Ser, é formado por muitas forças com as quais se apresenta, de modo que não permite ao vidente identificá-lo somente como Ser Natureza. Os anseios e a atenção de quem enxerga a Natureza, fazem com que Flora seja distinguida na imensidão onde ela se manifesta.

E é Flora o desabrochar dos desejos e das paixões que cada Ser da Natureza, Ser Humano no nosso caso, mostra ao mundo para fascinar outros Seres e torná-los participantes dos seus próprios desejos.

Flora é a aspiração que se apresenta em si mesma.

Enquanto os Seres da Natureza continuam a desejar, Ceres se manifesta dentro deles. Quando os sujeitos, os Seres singulares da Natureza, cessam de desejar, então Ceres morre dentro deles.

Quando o desejo morre, o Ser singular deixa de se expandir, deixa de vir a ser, finda. Ao deixar de vir a ser torna-se um refugo da Natureza. Recusar-se de ambicionar é recusar a própria existência. Cessar de querer, significa cessar de existir.

O Ser Natureza reutiliza os seus próprios "refugos".

É esplêndida Flora que, na primavera mediterrânea com a sua força, se manifesta em todo o ciclo da Natureza. Um ciclo que tem a finalidade para um acontecimento em que o Ser Natureza, o Ser Sol e o Ser Terra serão somente um.

Crescer!

Flora tem o seu sentido de existência nos Seres da Natureza, nos Seres Humanos, no nosso caso. Eles devem sempre recordar que existem para crescer. Deve ser recordado que o desejo é a força de Flora que os impulsiona a crescer.

Não existe uma estação em que o vigor se perde. A flor seca para permitir o crescimento do fruto; o Ser Humano perde o vigor para o Ser Luminoso nascer. Não existe uma perda do vigor e ponto final, a não ser em quem cessou de crescer; aquele que parou de crescer é somente aquele que matou o Ser Luminoso no seu interior.

Quando em algum dia renascer a recordação da existência de Flora e da importância da sua ação no dentro da Natureza, haverá uma advertência para que nenhum dos Seres Humanos se esqueça, mesmo se não pretende tornar-se vidente, que o Ser Natureza não consente que nenhum Ser pare de crescer e de se expandir.

Quando um Ser Humano cessa o seu crescimento não se limita apenas a truncar a relação entre ele e Flora (e por conseguinte com todas as relações com a objetividade existente), mas impõe, até o ponto que lhe é possível, o bloqueio do relacionamento com Flora com o maior número admissível de Seres Humanos.

Isso corresponde a um horror semelhante ao deserto do Saara, que se espalha no coração dos Seres Humanos. É um horror construído por quem nega o desejo e a paixão aos impulsos da existência.

Nas regiões do mediterrâneo Flora renova a si mesma cada vez que, ao doar a flor a Juno, esta dá à luz Marte. Recordem como Marte é o último recurso, nas mãos de quem cresce, em combate contra os obstáculos da existência. Flora se adapta para crescer e para se expandir em condições das mais diversas, mas quando as condições tornam-se de tal modo que não deixam alternativas, Marte socorre Flora para que ela continue a dar a flor a Juno, e assim renove a sua existência.

Os cristãos trabalharam para quebrar este ciclo, porém eram impotentes porquanto o mundo real sempre está fora da percepção dos seus sentidos, bem como está fora dos sentidos do seu suposto deus-patrão que se exprime apenas com a palavra. Uma palavra que domina e esvazia cada fonte de vida.

Os cristãos trabalham para cegar os olhos dos Seres Humanos e ofuscar a memória das tensões que os conduziram à vida, e que desde então poderiam nutrir o seu crescimento por intermédio do desejo representado por Flora.

A renovação da vida está fora do alcance do cristão, e a vida mesmo se aviltada e ofendida renova-se em Flora, continuando, assim, a semear o desejo surgido da necessidade de se apresentar aos sujeitos do mundo, sujeitos estes que estão esfaimados para se nutrirem do crescimento.

"Eu desejo", dizem o homem e a mulher que se representam em Flora. "Queres viver comigo o meu desejo?"

Somente os Seres Humanos doentes de Energia Vital Estagnada não mais escutam ao seu chamamento; no entanto os chamamentos são demasiados que eles se tornaram surdos.

*NOTA*: na revisão deste escrito, de 1993, eu quis destacar principalmente o desejo, como uma manifestação da Deusa Flora. Eu quis ampliar a distância de percepção entre Flora e Ceres. Ambas constituem duas manifestações divinas frequentemente interligadas de tal modo íntimo que, se torna difícil fazer a distinção, isto é, separar os seus papéis que representam na vida.

 

Texto de 1993

Com revisão na forma atual: Marghera, 16 de outubro de 2016

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

A tradução foi publicada 21.06.2018

 

Il sentiero d'oro: gli Dèi romani

A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona

 

O suicídio representada por Julieta em Verona

 

A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.

 

O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.

 

Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne.

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

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A Religião da Antiga Roma

A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.