Os Lupercais

As corporações religiosas da Religião de Roma pré-cristã

Os Deuses na Religião Romana
A Estrada de Ouro

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Índice da Religião Romana

 

O Ser Lobo percorre ao redor do seu território e o marca. Cada Ser da Natureza sabe que aquele é o seu território. O lugar onde destaca-se o salto para a caça; o pulo para a existência no infinito das mutações.

O Ser Lobo renova o seu sinal ao redor do seu território, renovando com ele, o fluxo de energia. O Ser Lobo que pode marcar o seu próprio território é um Ser vital. Um Ser que não tem medo de enfrentar as oposições da existência.

Naquele território pode procriar, construir o seu corpo luminoso, saltar para se expandir, a ele mesmo, e desenvolver a alcateia.

Os Lupercais eram determinados Seres Humanos que, na sequência das suas escolhas, tornaram-se uno com o "espírito" do Ser Lobo. O trajeto para o Conhecimento e para a Sabedoria do Ser Humano e o trajeto do Ser Lobo são muito semelhantes, quase paralelos. O vir-a-ser de um se integra com o vir-a-ser do outro.

Uma lenda relata que quando o Ser Humano se torna cego e surdo em relação às emoções do mundo que o rodeia, o Ser Lobo convence o seu primo, o Ser Cão, a emprestar a sua visão, o seu olfato e a sua audição a quem estava tateando no escuro.

O Ser Lobo auxilia numa assistência ao Ser Humano com o qual esteve ligado, no decurso de centenas de milhares de anos.

Existem Seres Humanos que fazem coincidir o seu próprio percurso em direção ao Conhecimento e à Sabedoria com o percurso de outros Seres da Natureza; e, assim, eles transferem para a Espécie humana as características das Espécies Animais e Vegetais, com as quais constroem relações emotivas que lhes permite compreender tais características e transferir ao mundo da razão as sensações e o que foi percebido nessas relações.

Os Lupercais, com o seu sacrifício e com a sua louca rapidez, renovavam a energia da antiga cidade. Haviam se tornado unos com o espírito da cidade, ou melhor, o espírito da cidade crescia e relacionava com o Espírito do Ser Lobo, a sua impetuosidade, o seu divisar em direção ao futuro. O Quirino de Roma compreendia as emoções dos Seres Lobos e com estes a Religião da Antiga Roma havia subscrito um pacto antigo.

Os cristãos descreviam o Ser Lobo com terror e pavor, eles que, para se tornarem cordeiros, sacrificavam os seus filhos ao seu Deus, privando-os do direito de se tornarem cidadãos sábios.

Os cristãos, com o olhar fixo, temem os Seres no que se refere ao caminho da liberdade destes.

Os Lupercais renovavam o pacto com que Roma havia se unido ao Ser Lobo.

Roma é filha do Ser Lobo, não porque a Loba amamentou o seu fundador, mas porque os Seres Lobos verteram nela as suas tensões, as suas necessidades, o seu vir-a-ser.

Os Lupercais constituíam o canal para isto.

A corrida deles ao redor da cidade, representava a renovação desse pacto. O "espírito" do Ser Lobo (tal como de resto o do Ser Humano) não se rende facilmente.

Foi este espírito que veio a resistir o surgimento da miséria cristã. Talvez os novos Lupercais tinham esquecido o motivo daquela corrida, mas esta estava de tal modo enraizada no espírito do povo romano que não mais lhes importava a que ponto o Ser Humano fosse capaz de se tornar uno com o espírito do Ser Lobo. Era-lhes suficiente o ritual para poder concentrar a atenção dos espectadores, renovando, assim, o pacto.

O cristão teve a necessidade de usar do terror e do exército para reprimir o "espírito" do Ser Lobo do povo romano; e qual foi o resultado? Resultou, durante centenas de anos, na obtenção da miséria e do obscurantismo da razão. Com o decorrer de centenas de anos, de uso do terror, a ponto de a chegada dos Libertinos com o desenvolvimento das discriminações sociais.

Grande quantidade de sangue é derramado para ser alcançada a passagem para a liberdade, sangue que mancham as mãos de quem coloca obstáculos para o alcance da liberdade dos indivíduos.

As Lupercálias eram celebradas entre os dias 13 e 15 de fevereiro. Podemos dizer que eram celebradas aos 14 de fevereiro. Elas constituíam festas dedicadas à fecundidade e os namorados juntavam os convites por meio dos quais estavam dispostos a um encontro romântico. Os convites eram sorteados. No ano de 495, o cristão Gelasio I requisitou a intervenção das "autoridades civis" protestando que os romanos, a despeito de se definirem "cristãos", continuavam a participar desta celebração. A festa foi abolida e em 495 Gelasio I substituiu-a pela festa de "são Valentino", dedicada aos amantes, no entanto, apropriou-se de muitos conteúdos das Lupercálias. Os cristãos estavam dispostos, inclusive, a violentar o homem e o seu futuro

Apesar disso, o "espírito" do Ser Lobo está dentro do Ser Humano (do mesmo modo que o "espírito" do Ser Humano, enquanto constrói a Liberdade, está dentro do Ser Lobo) ao mesmo tempo que buscam a liberdade. Cada Ser da Natureza está pronto a auxiliar cada Ser Humano que está removendo obstáculos, no percurso da sua própria existência.

O "espírito" do Ser Lobo se funde com o "espírito" dos Seres Humanos nos países do mediterrâneo. Mas, cada espécie animal se funde com o Ser Humano do mesmo modo que os Seres Humanos se fundem, emotivamente, com cada espécie animal. Quando isto não acontece há uma separação entre ele e o mundo, e quando substitui a separação entre ele e o mundo, a energia emotiva do que foi separado se contrai nela mesma, cessa de fluir e, consequentemente, o indivíduo se dirige em direção à sua própria morte.

Para os cristãos há um gosto pelos mortos-vivos. porque os cristãos podem dar a eles ordens, prometendo-lhes um lugar no paraíso.

Reprimir o "espírito" do Ser Lobo para tornar os Seres Humanos escravos, eis o objetivo dos cristãos. O "espírito" do Ser Lobo se rende somente quando está sozinho para suportar o choque contra a pulsão de morte que tensiona submeter o indivíduo.

Gelasio, o corrupto, chantageou Roma através de mentiras. Primeiramente o império e posteriormente o cristianismo haviam destruído a força de Roma, pois assim foi fácil colocá-la de joelhos diante do seu Deus assassino.

O "espírito" do Ser Lobo fundiu-se com o coração dos Seres Humanos, cultivando o vir-a-ser, deste jeito impedindo que o desespero cristão destrua o princípio esperança.

Os Lupercais não mais correm ao redor da antiga cidade, nem mais se vestem com as peles de animais sacrificados, mas o "espírito" do Ser Lobo está sempre fundido com o "espírito" dos Seres Humanos.

Ele espera tão-somente que os Seres Humanos recomecem a escutar as vozes do mundo ao seu redor.

 

Texto de 1993

Revisado na formatação atual: Marghera, janeiro de 2019

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

A tradução foi publicada 27.05.2019

 

Il sentiero d'oro: gli Dèi romani

A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona

 

O suicídio representada por Julieta em Verona

 

A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.

 

O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.

 

Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne.

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

da Federação Pagã

Piaz.le Parmesan, 8

30175 - Marghera - Veneza

Tel. 3277862784

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e-mail: claudiosimeoni@libero.it

A Religião da Antiga Roma

A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.