Apesar de já ser conhecida a Autoconsciência do Ser Sol, desde os tempos dos Sabinos, porque o seu culto parece que foi introduzido em Roma por Tito Tazio, tal Ser não adquire em nenhum momento uma importância particular na Religião da Antiga Roma.
A família dos Aurélios dizia ser descendente do Ser Sol e, por isso, mantinha o seu culto vivo, dirigindo à tal divindade a sua atenção particular e uma tradição também privativa.
O culto ao Sol nunca se fortaleceu na Roma Republicana. A Religião de Roma é caracterizada pelo relacionamento entre o homem e o mundo que o rodeia, com o qual o homem chancela um pacto de mútuo auxílio. A Autoconsciência do Ser Sol, parecia estar muito distante, afastada das necessidades do cotidiano embora a sua luz iluminava o céu dia após dia.
Os cultos relacionados ao Ser Sol, mesmo no oriente próximo, constituíam cultos de pessoas "instruídas" e "nobres", em outras palavras, de pessoas que não se ocupavam diretamente dos problemas da vida do dia a dia. Pessoas que podiam, tranquilamente, utilizar o seu tempo particular de modo a dedicá-lo à sua própria atenção fazendo-a mover-se no espaço além dos limites do cotidiano, ao qual a multidão das pessoas estavam obrigadas. O culto tinha importância no Egito, entre os Sumérios, na Grécia.
Em Roma o culto foi aceito por meio de um grande esforço para se perceber a Autoconsciência do Ser Sol, tão próxima da nossa consciência e de tal maneira estranha no nosso dia a dia. A Consciência do Ser Sol é demasiadamente difícil em relação a quem a contempla. Isto porque a Autoconsciência do Ser Sol é uma consciência que contempla tudo o que os seus raios conseguem abranger e iluminar.
Durante o período imperial, o Sol, torna-se uma divindade importante. Em Roma, o verdadeiro e exclusivo culto é importado por Heliogábalo. Ele, antes de tornar-se imperador, tinha sido um sacerdote, em alguma parte da Ásia, e de algum templo dedicado aos "mistérios" do deus Sol. No oriente sírio e no Egito tal divindade era importante. A sua presença solicitava a atenção inclusive para o dia a dia ser enfrentado.
Os cultos orientais do Sol foram introduzidos em Roma com outros cultos de mistério do oriente. Com os cultos orientais em Roma se introduzem todos, abrangidos o hebraísmo e o cristianismo, frequentemente religiões ligadas a grupos específicos de pessoas e não se tornam um patrimônio social. Além disso, a multiplicidade de cultos impede que seja colhido o que é útil ao homem fazendo-se a separação daquilo que o prejudica, e é precisamente tudo o que o prejudica que acaba por se impor século após século.
O Sol introduzido em Roma é uma divindade que está longe do homem. Não é Júpiter que participa da vida do dia a dia, e nem mesmo Juno que tem participação com o nascimento, com a atividade das mulheres, com a administração da casa.
O Sol está nas alturas, no céu, quase um estranho, ao qual lhe é oferecida admiração, mas que não participa da vida do homem, além do que, se não fosse pelo homem ele não seria. O Sol é uno, como o indivíduo singular. E, do mesmo modo como o indivíduo único, ele nasce no alvorecer percorre o seu caminho próprio e se introduz na tumba. O Sol é o homem que vive e que num período do ano encurta os seus dias, como se estes devessem desaparecer.
O Comando Social apreendeu o quanto necessitava. Um Ser suficientemente longe, para simbolizar a singularidade da figura do imperador, a quem os Seres Humanos, do Sistema Social, dificilmente podiam dirigir a atenção.
Os videntes viram o homem no Ser Sol, a sua vida, as suas transformações.
Foi Aureliano que desenvolveu o culto introduzindo a festa do Sol Invictus no dia 25 de dezembro, um dia que os cristãos, logo que tiveram oportunidade, transformaram em natal do profeta deles.
O que é o Sol Invictus?
É o Sol aprisionado. Obrigado a encurtar os seus dias. Forçado a deixar grande parte do dia nas trevas. É o homem enclausurado numa prisão com as algemas nos pulsos e não pode ver a luz a não ser por instantes, mas cujo espírito se recusa a aceitar a condição de prisioneiro. E assim, o prisioneiro se agita, se debate, colocando em ação estratégias para quebras as suas algemas. E o Sol Invicto (jamais vencido) quebra as correntes, e assim o prisioneiro foge. Foge em direção a novas batalhas que possam reafirmar o seu próprio direito de existência. Assim, o Sol prolonga os seus dias, estes ampliam as suas horas de luminosidade.
O Ser Sol é a Entidade central neste setor do espaço. É a Entidade na qual se sedimentarão todas as Autoconsciências, em formação no Sistema Solar, capazes de programar as suas transformações próprias no infinito.
Isto foi o que os videntes asiáticos e Egípcios, em particular, enxergaram. As "almas" dos seus mortos que se encaminhavam em direção ao Sol. Esta visão é possível somente quando, no interior do Sistema Social, onde viviam esses Seres Humanos, haviam condições para a liberdade de existência, uma liberdade bem maior daquela que não aparece nos livros de história, que hoje estão em circulação, é exatamente isto.
Como relacionar-se com o Ser Sol? Concentrando a atenção individual sobre ele. Concentrando o sonho sobre ele. Manipulando a atenção particular, liberando-a das necessidades transitórias.
Na prática, escutar calmamente o fluir das mutações sobre o Ser Sol, sem que possivelmente os olhos sejam danificados.
Texto de 1993
Revisado no formato atual: Marghera, dezembro de 2018
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
A tradução foi publicada 15.02.2019
Il sentiero d'oro: gli Dèi romani |
A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona
O suicídio representada por Julieta em Verona
A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.
O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.
Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne. |
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone) Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo) Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Veneza Tel. 3277862784 Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.