Para ser entendida a importância dos Sálios é necessário conhecer a importância da Lustração. Lustração indica tornar polido, tornar eficiente. A Lustração era uma festa-cerimônia que se estendia pelo mês de março.
Março era, no antigo calendário romano, o primeiro mês do ano.
O ano começava em 1° de março, primeiro mês de primavera.
Em março começavam as guerras. Em março, pela celebração Sabina, a juventude consagrada se dirigia para fundar novas cidades. Março representava o início da atividade humana. Marte havia fundado Roma.
Antes de começar com uma atividade era necessário preparar-se: polir-se.
Assim, era necessário estar vigoroso para enfrentar as oposições da existência. Ninguém podia se permitir enfrentar a objetividade sem estar adequadamente preparado. A deficiência da preparação colocava em perigo e em dificuldade a coletividade inteira. Não demonstrar melhoria, o não progredir, não estar preparado individualmente prejudicava a coletividade.
Os Sálios deveriam estar atentos para que a cidade praticasse coletivamente a Lustração (a recusa dos cristãos em praticar os ritos não era uma recusa aos sacrifícios para desagradar as divindades pagãs, mas era uma resolução para enfraquecer a cidade, isto é, torná-la vulnerável ao inimigo com o objetivo de tomarem posse da cidade, uma recusa que viesse a destruí-la).
Os Sálios exercitavam a memória e a atenção. Manipulavam o seu ser e a sua Atenção com a finalidade de manipular e concentrar a atenção nos indivíduos singulares do Sistema Social, sobre o que era coletivamente importante, após o individualismo praticado durante a estação do inverno.
Os Sálios eram os magos ou aprendizes bruxos (apprendisti stregoni) encarregados de Polir, tornar lúcida a atenção da cidade para prepará-la contra uma afronta a ela, em tudo o que era importante para a própria cidade. Eles próprios, através da pratica de danças e por meio da leitura de invocações, poliam a sua Atenção individual, e com o aprimoramento da atenção individual aperfeiçoavam a Atenção da cidade inteira,
Os Sálios eram Guardiões cuja função era a de manter uma ação em alerta, através da qual construía-se o futuro.
A corporação dos Sálios estava reservada aos patrícios, aqueles que não se podiam permitir afrouxar a guarda, pois corria-se o perigo de perder tudo substancialmente juntamente com os seus privilégios. Deviam ser jovens, porque a função da Lustração era construir o futuro. O vir-a-ser dos Sálios unia-se ao vir-a-ser da cidade; eram eles que tinham a necessidade da Lustração da atenção, visto que haviam se tornado indivisível com a cidade e, consequentemente, com as desavenças que ela estava preparada para enfrentar.
Os Sálios praticavam uma dança cadenciada, similar às danças praticadas junto de muitos povos, com a finalidade de concentrar a atenção dos espectadores, fazendo com que a sua Energia Vital viesse a se movimentar mais ligeiramente (imprimindo-lhe vigor) e, portanto, concentrando as suas tensões em direção a uma saída para objetivos apropriados ao vir-a-ser da cidade em si mesma. Dançavam o tempo que lhes vinha de encontro.
Os Sálios tinham vestimentas de soldados, porque a desavença mais dramática para conservar a vida da cidade era solucionada com o uso de armas, o que requer a concentração de grande quantidade de Energia Vital, bem como da atenção, porquanto tal desavença representa o perigo máximo com o qual a cidade pode se defrontar.
A Lustração não se referia somente às armas, havia Lustração inclusive dos apetrechos de trabalho: afrontar as oposições que são solucionadas por meio do trabalho. Havia Lustração de tudo o que servia para arrostar as contraposições que se apresentam com a chegada do inverno.
Os Sálios garantiam que a cidade não viesse a se trancafiar em si mesma, mas que continuasse a melhorar cada vez mais, expandindo-se e progredindo.
Os Sálios eram a renovação de Roma.
Texto de 1993
Revisado na formatação atual: Marghera, janeiro de 2019
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
A tradução foi publicada 04.05.2019
Il sentiero d'oro: gli Dèi romani |
A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona
O suicídio representada por Julieta em Verona
A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.
O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.
Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne. |
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone) Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo) Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Veneza Tel. 3277862784 Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.