A Religião Pagã, da qual a Federação Pagã é a organizadora, nasce como uma exigência humana em continuação àquele processo filosófico e social que, iniciando-se no Renascimento Italiano, levou ao nascimento do libertinismo, do iluminismo, do materialismo, do romanticismo.
Este movimento social e filosófico vivia em contradição entre as exigências para a fundação de um novo pensamento social e os homens e as mulheres que eram educados, emotiva e psicologicamente, dentro dos limites do criacionismo.
Por um lado as sociedades eram pressionadas a abrirem-se ao futuro, e por outro lado as pessoas que viviam nessa necessidade iminente para o início de um futuro, novo e diferente, acabavam aprisionadas naquela "verdade" criacionista que as impedia de conceberem o mundo em termos de transformações.
As pessoas eram educadas à aceitarem uma "verdade" que, diante de um deus criador, bloqueava (como ainda bloqueia) o vir a ser e as transformações delas; então descobriram que a vida é uma transformação contínua. Um vir a ser constante que não obedece à nenhuma moral e à nenhuma verdade imposta por um deus criador.
Quando os homens e as mulheres começaram a sair da moral da submissão imposta por um deus criador, logo começaram a ser capazes de se transformarem; uma vez que o "deus onipotente" lhes devastava a vida porquê não eram capazes de conceberem, emocionalmente, o mundo, como nascido de um outro modo que não fosse o modo engendrado por um deus criador. Freud descobria o inconsciente e as adaptações das pessoas aos traumas infantis, porém a educação continuou a ser aquela que sujeitava as crianças ao deus criador; continuando a devastar o inconsciente delas e, consequentemente, tornando-as cidadãos e cidadãs carentes. Darwin introduz o conceito de transformação e crescimento, tanto da Natureza quanto dos indivíduos singulares, todavia continuou-se a compelir-se as crianças ao pensamento de que eram criadas à imagem e à semelhança do deus-patrão, pelo fato de ser o criador; e com essa repressão a incutir-se nas mentes infantis que eram pessoas diferentes, isto é separadas e superiores do mundo "criado" pelo proprietário delas. Lorenz abriu os olhos dos homens para que soubessem que o mundo animal e o vegetal têm a sua inteligência; apesar disso, as crianças prosseguiram, por meio da coação, a pensarem que eram criadas à imagem e semelhança do deus-proprietário por ser ele o "criador" e levadas ao pensamento de que não eram participantes da inteligência do mundo em que viviam juntamente com todas as espécies da vida.
Por esse motivo, o século vinte foi o século dos totalitarismos ideológicos. Esses totalitarismos foram expressões da exigência dos homens para iniciarem a revelar um futuro possante, ou para continuarem abrindo um futuro aonde poderiam apenas imaginar uma identificação de onipotência com o deus criador, pois seria o criador do universo. As descobertas científicas indicavam uma realidade completamente diferente da indicada pela fé religiosa cristã e monoteísta, na totalidade dela.
A educação fornecida na infância, por obra dos monoteístas, continuava a impor às crianças a identificação na fé em oposição à realidade que a ciência desvendava. Os totalitarismos do século XX constituem o produto da reafirmação do desejo do deus-patrão (inclusive na forma de um Estado-patrão) contra uma ciência que enxergava em cada Ser, de cada espécie da natureza, os atores que construíam e determinavam o destino deles tendo por base as suas escolhas. Os totalitarismos nascem da vontade de submeter os homens à uma vontade que está externa à própria vida, como é a indicada pelo cristianismo.
O elemento central era a religião e em decorrência dela de como o homem pensava a respeito da vida em si mesma, os Deuses e o seu "habitar o mundo". Como nas Antigas Religiões, os Deuses participavam da vida e com a vida vinham a ser, do mesmo modo a Religião Pagã, retomando as Antigas Religiões, abre aos homens um futuro distinto.
Não uma verdade na qual acreditar, mas uma vida a ser vivida. Não uma moral à qual adaptar-se e obedecer, mas relações entre os homens direcionadas à construção do futuro da sociedade e dos Deuses. Não os Deuses escondidos no céu, mas os Deuses que vivem com os homens, que neles estão presentes e por eles são auxiliados, no caminho da eternidade, porquanto o caminho da eternidade é o caminho dos homens e de todos os Seres da Natureza, quaisquer que sejam as suas espécies.
Isto, por conseguinte, não somente determina uma religião diferente, a Religião Pagã, mas uma sociologia diferente, um modo diverso de elaborarem-se as leis, um modo diverso de viver em sociedade, um modo especial de enxergar a vida e o universo. Não o homem criado por um deus opressivo e tirano, onipotente, mas o Homem que, com cada Sujeito do universo, constrói a Consciência Universal.
A Religião Pagã Politeísta não é uma religião que submete crianças para que acreditem em uma verdade, mas ela fornece às crianças os meios adequados que são necessários para que as crianças enfrentem o futuro delas.
Em outras palavras: a Religião Pagã Politeísta fornece às pessoas os procedimentos para que não existam mais escravos, mas CIDADÃOS.
Marghera, 01 de janeiro de 2010
Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Venezia - Italy Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
Os Antigos construíram a Religião da qual eles extraíam as suas relações com o mundo. Nós herdamos deles as sementes do passado, porquê somos filhos deles, porém para que os honremos devemos estar em condições de construirmos a nossa religião por intermédio das relações que mantemos com o mundo em que vivemos.