A morte do corpo físico é o único momento em que se manifesta a felicidade humana.
Toda a vida do indivíduo é finalizada com a morte do corpo físico.
A morte do corpo físico é o objetivo que o indivíduo deve atingir.
A morte do corpo físico é o final e a justificação do nascimento do indivíduo.
A morte do corpo físico é a felicidade do indivíduo.
A dor da vida, a dor que a vida pôs como o fundamento das transformações dos indivíduos, na morte do corpo físico se separa e se anula.
O triunfo do indivíduo existe somente no momento da morte do corpo físico.
O momento da morte do corpo físico do indivíduo é o seu momento de verdade. É o momento em que o indivíduo reassume a sua inteira existência individual. A morte é desespero somente para quem viveu desesperado, independentemente de como tapou as suas orelhas ao seu desespero individual.
Todavia, a morte é esperada por muitos com terror, como um momento de exclusão, da maior forma possível. Outros buscam-na com angústia para aliviar as próprias ansiedades.
Terror em relação à morte ou busca estressante. São dois extremos do fracasso humano para encontrar a felicidade.
O terror pela morte ou a sua busca, como um remédio extremo, constituem manifestação do fracasso da existência humana.
Quando não se pensa na morte, como um momento de felicidade, significa que a vida foi vivida de um modo desesperado e obsessivo.
A morte consumada em desespero, devido ao final da vida física; e a morte consumada com terror pela dor resultante que envolve o saber que vai morrer.
A morte que se consumará em ansiedade: e depois?
A morte consumada serenamente por quem, obediente e submisso, estende a sua obediência e a sua submissão para além do umbral da própria morte.
Nunca a morte consumada como um momento de felicidade.
Nunca a morte consumada como um "bom desempenho de vida"
Todavia a morte é o momento mais feliz da vida humana; é o seu triunfo.
E, então, POR QUÊ AS PESSOAS TEMEM A MORTE?
Cito Marc Augé, "O gênio do Paganismo", a propósito do discurso sobre a morte como felicidade:
" O poder, seja qual for a sua força, nada pode contra aquele que aceita morrer. Quanto ao que exerce o poder e, eventualmente, o direito de vida ou de morte, ele próprio nada pode contra a morte em si mesma; ela própria resiste ao seu poder e coloca-o em discussão mais do que qualquer outra coisa. Morte e individualidade estão tão ligadas intimamente que o poder, para incutir que não é puramente individual, nega simbolicamente a morte daquele que o exerce." p. 288, edição Bollati - Boringhieri
Augé se esquece do terror educacionalmente induzido, em relação à morte, que pode divertir-se com o sinal de espécie que, leva os indivíduos a se tornarem os construtores na sociedade antes que a morte coloque fim às suas transformações.
Não as pessoas que temem a morte, mas os donos das pessoas temem que as pessoas vivam a morte como um momento feliz.
Nasce-se só e morre-se só!
E, como dizia Quasimodo:
"Cada um está só sobre o coração da Terra,
aflito com um raio do Sol e de súbito é noite."
Este sentimento, que em poucas linhas se transmite, é o terror dos indivíduos que administram o poder de posse das pessoas: para eles já é noite e vivem a angústia de perderem o que lhes tornava onipotente.
O nascimento é celebrado como o triunfo da mãe.
Mãe como "proprietária" do novo que nasceu.
A morte pertence somente ao novo que nasceu.
Como também o corpo deveria pertencer somente ao neonato.
A morte solta os liames que o Ser Natureza impôs ao indivíduo.
A morte solta os vínculos que a sociedade impõe ao indivíduo.
A morte libera das obrigações.
A morte é o único triunfo individual da pessoa.
A morte pertence tão-somente à pessoa, como inclusive o corpo físico somente à pessoa pertence.
Sejam felizes ao morrerem.
Nenhum grilhão e nenhuma obrigação inibem vocês após a morte do corpo físico!
Enfrenta-se a morte do mesmo modo como foi durante a vivência: com pertinácia e paixão!
Os Pagãos Politeístas fazem da morte a senhora da existência deles.
Uma senhora que será enfrentada com a mesma paixão com a qual viveram.
A morte é, portanto, a única e verdadeira felicidade da existência humana onde tudo é efêmero nas transformações, na mutação, na tensão da necessidade, e na satisfação da mesma.
Toda a vida humana é uma busca de liberdade; somente a morte é a verdade em que essa liberdade é solucionada.
Marghera, 19 de janeiro de 2006
A tradução foi publicada 08.08.2017
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Venezia - Italy Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it
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