Porquê os cristãos não conseguem entender
os conceitos e as ideias da Stregoneria

Porquê não compreendem os conceitos da Stregoneria?
Porquê não compreendem a Religião Pagã
as vibrações da magia?
Resposta a todos os cristãos, hebreus e muçulmanos

De Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

 

Recebi uma carta no ano 2000 e assim respondi
Assim explica Claudio Simeoni

Os temas dos quais você se refere merecem uma resposta atenta e precisa, embora breve e sintética.

Os pontos aonde você me pede esclarecimento estão colocados como uma força tal que, requerem explicações específicas, esclarecimentos que superam um curto espaço de tempo, ou um comentário superficial. Com isto não quero dizer que vou exaurir o argumento. Quero apenas que você compreenda o esquema fundamental por meio do qual se enfrenta o mundo, seja esse esquema Pagão ou Cristão.

Além disso, o tipo dos temas que você formulou é um sumário de perguntas acerca de definições que vêm de muitas partes, e acredito que respondendo a você, mesmo perfunctoriamente, estou também respondendo às outras inúmeras perguntas que vêm de pessoas que, na maioria das vezes, colocam-se à esquerda e pensam que nessa posição, exatamente porque consideram-na de esquerda, é uma posição que não pode ser superada.

Há uma coisa que devo antecipar a qualquer explanação: "A percepção mágica do mundo, como Ser vivo conhecedor e autoconsciente de si mesmo e para si mesmo, com todas as Autoconsciências de si mesmas e para elas mesmas, que o mundo contém, ou essa percepção mágica existe, isto é não foi morta ou não existe no indivíduo, conforme o condicionamento educacional que ele sofreu!" E quando digo que não existe significa que o indivíduo não está no mínimo em condições de pensar nela ou esboçá-la na sua existência do quotidiano. Quando essa percepção mágica do indivíduo não existe no Ser Humano, então não restam mais do que duas possibilidades por meio das quais é possível relacionar-se com o mundo circunstante. Ele pode escolher entre o mecanismo científico: "A ciência, a ciência, somente a ciência e nada mais do que a ciência!" Ou a outra possibilidade que são as fantasias oriundas da sujeição a um deus-senhor, que a tudo veria e que tudo providenciaria aos seus servos.

Esses dois comportamentos, independentemente de como foram desenvolvidos em cada indivíduo, em particular, são as duas faces da pulsão de morte. São duas invenções direcionadas à finalidade de submetê-lo. São dois aspectos do impulso de morte. As pessoas que desenvolvem nelas esses dois costumes nunca estarão em condições para poderem compreender os discursos que fazemos e, por outro lado, nós não queremos dirigir palavras a essas pessoas mas desejamos falar com aquelas pessoas que têm uma percepção emocional do mundo circunstante e da vida e que, em última análise, são as vítimas dos mecanismos científicos e vítimas da adoração do carniceiro de Sodoma e Gomorra.

Vamos agora elucidar a sua correspondência específica que, inicialmente, eu estava querendo examinar ponto por ponto, mas no final acabei entrando em um discurso genérico.

O ponto essencial, de tudo isso que você narrou, é o de você definir você mesmo, individualmente. Você diz: "não sou crente e muito menos um ingênuo, porque antes de acreditar eu procuro primeiramente entender, etc..." O problema desta sua narrativa é o que reside em você dizer "ser". Você não diz: "Eu me tornei!" Se você afirma, hoje, de não ser crédulo, então eu lhe pergunto: "Há dois anos você era ou não era um ingênuo?" e ainda: " Há dez anos você era ou não era crédulo?" e ainda: " Aos seis anos de idade você pensava que tudo o que a mestra lhe dizia fosse absolutamente verdadeiro ou você afirmava que tudo o que a sua professora dizia em parte ela expunha coisas reais e em outras partes da exposição da sua mestra era apenas fruto da interpretação subjetiva dela sobre a realidade e, portanto, embora fosse uma bela interpretação, era discutível? Você nunca riu na cara de um padre quando ele dizia a você que existia um deus e Jesus que pretendia ser filho desse deus que veio ao mundo para salvar você?"

Quando você afirma não ser um crédulo significa que, em uma certa fase da sua vida, você fez com que as dúvidas amadurecessem. Tais dúvidas não são suficientes para que você coloque em discussão aquilo que condicionou você colocando-lhe, assim, debaixo de obrigações durante o seu crescimento, mas as suas dúvidas são em relação ao novo que chega até você.

Ouço, de um modo repentino, a sua voz que proclama: "Eu coloquei em discussão a existência do deus-senhor, do deus-patrão, e coloquei em discussão os padres negando-lhes, portanto, o papel que desempenham; por este motivo eu quero entender melhor o que você (Claudio Simeoni) diz!"

Isto está evidente na sua carta como também estão evidentes duas particularidades. Uma destas particularidades é a de você escrever deus com a letra D maiúscula, como se fosse um nome próprio, e o conceito de destino que você exprimiu e que necessita de uma vontade deliberativa anterior às suas ações que, comumente, são praticadas com a sua ideia fixa no deus-senhor.

O que significa escrever deus, no texto que segue, inserido com o D maiúsculo? Significa não admitir, nem levar em consideração, nenhuma outra definição do termo deus senão essa definição imposta educacionalmente pela igreja católica. O deus é aquela coisa, apenas aquela coisa e nada mais do que aquela coisa que foi imposta na sua mente desde a infância. À vista disso, quando eu uso a expressão fazer-se deus, embora explicando-lhe um milhão de vezes o que significa (com os milhões de faces que o termo contém), mesmo assim você, que é uma pessoa condicionada pela igreja católica, tem a ideia de que isso significa tornar-se o deus-senhor, o deus-patrão dos hebreus. Um papel que só pode ser desempenhado apenas pelo papa, conforme admite a igreja católica.

Eu uso a expressão com significados diversos enquanto o seu condicionamento educacional leva-lhe a interpretá-la de maneira diferente. Nunca nos entenderemos. Nem eu, neste caso, desejaria fazer com que você entendesse!

O fazer-se deus não é confuso, incoerente, conforme você definiu-se no início da carta: "não sou um crédulo".

O fazer-se deus do Ser Feto no ventre da mãe é aquilo que o faz crescer fisicamente a tal ponto de transformar a morte do Ser Feto em um nascimento do Ser Humano Criança, que depois continua com o seu crescimento. No plano físico este conceito é fácil de ser exposto com palavras, mas é difícil de serem entendidas as implicações no plano da construção do discernimento que deve ser transferido para o cotidiano da razão.

O condicionamento educacional intromete-se desde o primeiro ano aos treze anos de idade e tem o escopo de fixar a atenção da criança no plano da razão, ou se preferir, no plano físico. Tanto isto é real que as crianças ao crescerem esquecem os processos de transformação e de aprendizagem que sofreram afirmando: "Eu sou bravo!" ou então: "Eu não sou capaz!" A capacidade para fazer alguma coisa não é mais o fruto da transformação mas é o fruto de algo inato que há ou não há e é fácil divulga-lo como um dom do deus-patrão.

Pois bem, eu faço esta afirmação que você pode ou não pode entender, partindo das solicitações que saem de dentro de você sentindo o mundo muito além da simples descrição dizendo: "O Ser Humano adulto incuba dentro dele uma força que tenta crescer expandir-se que pode ser favorecida no seu percurso de crescimento pelas escolhas subjetivas, no quotidiano, feitas pelo próprio adulto com a finalidade de adaptar a ele mesmo às variáveis objetivas encontradas!"

Feita essa afirmação os mecanismos científicos e os mecanismos submetidos ao açougueiro de Sodoma e Gomorra nunca entenderão o que isto significa, porque eles ou são criados à imagem e à semelhança do deus absoluto ou são o produto finito de uma Natureza que eles concebem como um mecanismo complexo.

Refiro-me ao seu conceito de destino: "Cada um tem o seu destino e morre quando chegou a sua hora..." Entendo que a sua afirmação pode ter origem em uma forma pensamento diferente de onde eu a coloco, mas se você afirma a existência de um destino deve necessariamente reconhecer que você elabora o destino, isto é o deus-patrão. Neste caso, patrão do destino que determinando a hora ou o momento da morte pode também variá-la, isto é provocando o acontecimento dela ou fazendo um milagre.

Este é um jogo que eu não gosto porque impede o Ser Humano de ter as suas determinações próprias, e através das quais construir a sua vida. Se o meu automóvel está com os pneus "carecas" e aumento a velocidade do veículo para responder àquele imbecil que me ultrapassou e endereçou-me um gesto mal-educado, então o fato de eu acabar colidindo contra um plátano constitui o resultado da minha escolha em perseguir o imbecil, não escolha do destino.

O que se potencializa é o fruto das escolhas de cada indivíduo em particular dentro da objetividade onde ele vive. Para que ele construa da melhor forma possível, com as suas escolhas, é necessário que o indivíduo conheça a realidade que o cerca, no que lhe for possível, para poder escolher melhor. Com o termo conhecer não tenho a intenção de passar o significado de descrever, mas sim de interiorizar um pouco como, por exemplo, a repetitividade do karate man leva-o a interiorizar os movimentos a tal ponto que quando um soco lhe é dirigido antes que lhe atinja o nariz ele o pára automaticamente; não pensa naquele instante o que a sua reação leva-o a fazer. É inútil fazer manifestação contra o município que não lhe concede o direito do aluguel de uma casa, pela qual você se responsabilizou, se você não reunir todos os formulários que a burocracia requer para que esse seu direito venha a ser reconhecido.

Para ser submetido ao destino e à súplica para um destino bom necessário se faz construir a ignorância. Em outras palavras, é necessário que quem sofre com o seu "próprio destino" ignore e esteja inconsciente de todas as causas e de todas as tensões que estão na origem da situação em que essa pessoa se encontra. A inconsciência leva o sujeito a suplicar a alguém que ele reputa ter uma consciência absoluta, para que intervenha na situação em direção a qual esse sujeito foi banido.

O que nós entendemos com o termo deus?

O que nós desmentimos no significado que nós damos ao termo deus?

Preliminarmente, com o vocábulo deus, nós não nos referimos a qualquer deus-patrão. Não existe nenhum deus-patrão nem uma identificação a algum deus-patrão, em qualquer campo, seja na família, na escola, nos lugares de trabalho, no Sistema Social, etc. essa identificação é feita somente por traficantes de escravos para que a atividade deles seja justificada. É um reconhecimento feito tão-somente por pessoas que querem avassalar outras pessoas para poderem satisfazer as suas exigências. Quem reduz à escravidão outras pessoas, para poder satisfazer as suas próprias pretensões, é sempre alguém que reconhece as suas necessidades individuais fazendo delas uma adaptação lucrativa a um deus-patrão.

O Ser Feto que se transforma em uma criança é um deus. O que é, por consequência, um deus? Um deus é aquela Autoconsciência, seja qual for a sua natureza, que se expande na objetividade em que vive! Onde por objetividade não se concebe, a não ser como um efeito, a família, a fábrica, o país ou a cidade, mas concebe-se o mundo no seu complexo mágico.

Se você considera o mundo, na sua estrutura emotiva particular, apenas como forma, descrição, conformação, enfim, como uma configuração mecânica-funcional de células, então com essa sua concepção você enfrenta o mundo.

Se você considera que adquirir conhecimento é simplesmente ler livros, desse modo você formará o seu conhecimento, mas serão somente noções que não modificarão você.

O verdadeiro problema consiste no fato de que cada Ser da Natureza está mergulhado na estrutura emocional privativa, que exorta a razão, de que você é portador, a responder às emoções e às necessidades que não coincidem com os elementos da descrição dessa sua razão da qual você é portador.

A psicologia e a psiquiatria estão programadas para, de algum modo, organizar o Ser Humano individual da mesma forma como uma máquina de trabalho é organizada, de maneira que esse arranjo, esse ajuste, interceda nos processos mecânicos cerebrais e tem o objetivo de obter o servo ideal: a estrutura social não tolera as diferenças; pois essa estrutura social já foi programada para considerar-se fruto da imagem e semelhança de um deus-senhor, de um deus-patrão.

O indivíduo que constrói a sua "estrutura emotiva" em relacionamento com as estruturas emocionais do mundo, onde ele está mergulhado, encontra-se em:

1) uma situação em que ele não sabe por quais partes iniciar colocando uma determinada ordem;

2) uma situação em que ele não sabe o que lhe sucede;

3) uma situação em que se sente abandonado nele mesmo;

Quando a estrutura emocional onde ele vive toca-o logo a seguir sentirá sensações, ilusões ópticas, deja-vú, intuições, etc. que deve sufocá-lo ou deverão ser difundidas como imagens religiosas, ou ainda o farão emudecer porque se assim não proceder será qualificado como maluco, ou até mesmo ficará perturbado. Quando fica perturbado não fica perturbado porque ele é fraco e inadequado , mas porque a estrutura social em que vivemos está programada para se sentir como a própria imagem e semelhança do deus-patrão, e admite somente a imagem, desse deus-patrão, que é reproduzida em todas as camadas e níveis do Sistema Social. Tente discutir de igual para igual com um policial e então, você verificará que, no primeiro momento, o policial pedirá para que você se "acalme"., pois se você não se acalmar então logo a seguir o policial lhe enquadrará no crime de desacato.

Aquilo que aqui chamo de a estrutura emocional, porque esta constitui o seu aspecto relevante no mundo da razão, na realidade pertence ao aparato inteiro perceptivo do indivíduo que o condicionamento educacional tenta destruir para construir um indivíduo adequado e submisso ao Sistema Social que, foi organizado para comparar-se à imagem e à semelhança de um deus-patrão.

Quando um indivíduo consegue autodisciplinar a sua estrutura emocional (com tudo o que comporta seja na sua estrutura energética seja na sua ação nos estados de percepção alterada) são gerados, mencionando-se somente os níveis mínimos, aqueles indivíduos que depois são chamados de gênios, os cientistas, os descobridores, os corajosos, os intrépidos, os heróis, etc., e que normalmente introduzem as variáveis importantes naquilo que está em curso normal nas transformações do Sistema Social em que vivem.

A coragem de um indivíduo pode ser determinada pelo seu desespero, ou pelo seu conhecimento acerca daquilo que irá enfrentar em oposição àqueles que indicam comportamentos de prudência. Descartando a priori a situação de desespero, a coragem determinada pelo conhecimento é um ato de magia, porque o indivíduo, para executar tal ato, saiu do grupo daquele que aconselhava à prudência, por ter modificado a si mesmo, e colocou em ação atitudes corajosas. Este é o aspecto de fazer-se deus.

O indivíduo que realiza atos de magia, sistematicamente, ou como uma certa regularidade é o Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone, em italiano).

Ao fazer-se deus posso dizer a você que existe um universo emocional, consciente, que nos rodeia e que nele podemos mergulhar para extrairmos tudo o que nos serve para enfrentarmos a vida de todos os dias. Assim é que podemos alimentar esse universo emocional expandindo o nosso intento.

Se você acredita ser constituído somente de pensamento, "Cogito ergo sum", então você não pode ser corajoso. A coragem é fruto da percepção porquê a ação precede sempre ao pensamento, porquanto o pensamento apenas e tão-somente se limita a descrever, com a sua insuficiência, a ação realizada e os motivos que lhe estão de base.

Um servo do deus-senhor, do deus-patrão, ou seja um autômato, é um indivíduo que está separado do universo que o cerca!

Você tem como um resultado compreensível que a Natureza e as Consciências, que estão nela, tentam expandirem-se: isto é, tentam transformam-se em deuses embora a sua descrição, de deus, não é exatamente a minha descrição. É mais exato afirmar que eu as reconheço como DEUSES exatamente porquê tentam a expansão própria. O que você pensa como eu lhe digo que a FÚRIA quando toma conta do interior de um Ser Humano até quase fazê-lo perder a razão e o discernimento, em uma específica situação, ela própria é um DEUS e esse Ser Humano, naquele momento, é um DEUS?

De onde você extrai a sequência das suas ações se a razão perdeu o controle desse indivíduo? (nota deste tradutor: atentem para a ordem da exposição de Claudio Simeoni, ele não diz "o indivíduo perdeu o controle da razão!) As tensões da vida, as necessidades que nos impulsionam , elas próprias são DEUSES e nós nos fazemos aquele DEUS, específico, na medida em que nós manifestamos esse DEUS. Na medida em que nós o exprimimos, e continuadamente o exprimimos, nos dilatamos ao nos impregnarmos desse DEUS, percebendo-o através da nossa intuição específica, e não nos limitando apenas em descrevê-lo através dos elementos da razão.

O que contestamos no vocábulo deus?

O Ser Humano do "Cogito Ergo Sum"! Aquele Ser Humano que fica de joelhos diante de um deus ou de uma esperança salvadora, só que esse deus é uma projeção do próprio fracasso da pessoa, porquê ela está ligada àquilo que ela quer ver só e exclusivamente; logo transforma o que ela percebe, casualmente, como sendo uma mensagem do seu deus-patrão, do deus-patrão refletido na nossa senhora (madonna), do seu deus-patrão refletido no UFO, ou do seu deus-patrão sob a forma de um santo ou santa qualquer ou de qualquer poder mais ou menos oculto.

Isso é ser razão, descrição, conduz meramente ao desenvolvimento da ciência de laboratório. O que é a ciência de laboratório? É aquela ciência que deve limitar as condições afim de que um fenômeno possa se reproduzir. Em outras palavras, é aquela ciência que deve destruir o porquinho da Índia ou outra cobaia, para poder obter aquele e somente aquele resultado específico. Para dar um exemplo, um certo remédio para um tipo de doença é eficaz apenas em 30% dos sujeitos que desenvolvem os sintomas dessa doença, outras pessoas têm reações diversas, incompatíveis, muitas vezes estranhas, outras vezes rejeição, e outras, enfim, reações incompreensíveis. A ciência de laboratório é aquela que deve construir o indivíduo de maneira que ele se adapte àquele e somente àquele Sistema Social.

Falemos agora do projeto do Sistema Social do qual somos os mensageiros.

E aqui, neste tópico, apresentamos a você uma absoluta novidade em toda a história da filosofia social: NÃO TEMOS NENHUM PROJETO DE SOCIEDADE!

O argumento é o de que somos perfeitamente sabedores de que o Ser Humano não é criado à imagem e semelhança de um deus louco. Nós, nos dias atuais, não sabemos nem podemos saber quais são as possibilidades reais e a potencialidade do desenvolvimento humano que está atrasado por culpa do condicionamento educativo cristão.

A ciência de laboratório, há alguns dias, explicou-nos o fato do cérebro humano feminino estar melhor estruturado e organizado para afrontar, de um modo analítico e científico, as condições da vida, do que o cérebro masculino. A Stregoneria sempre soube a realidade no tocante a esse fato, e inclusive sobre o fato da magia negra (o extermínio das bruxas por obra dos cristãos constitui uma confirmação sob muitos aspectos). O problema não está na estrutura cerebral, mas no condicionamento educacional imposto militarmente (cada ação educativa forçada em relação às crianças, é como uma ação militar, porque a criança diante do adulto está desprevenida e indefesa!) que tem devastado e devasta o potencial do indivíduo, estuprando, portanto, a capacidade de desenvolvimento do Sistema Social inteiro.

Se eu reconheço que o desconhecido é maior do que o conhecido; se eu reconheço que o previsível pela intuição é maior do que o intuído, então como posso definir o desconhecido ou definir o previsível pela intuição?

Não posso, absolutamente, imaginar a organização do desconhecido, e portanto não é possível imaginar a organização de uma estrutura social diversa desta porquê as mudanças, as transformações, as possibilidades e a direção da transformação resultam desconhecidas. A não ser desejando-se dar passagem às fantasias próprias e à própria imaginação como fez Platão em A República, ou Thomas Morus na Utopia.

Posso fazer uma outra coisa, ao invés de organizar o desconhecido que me cerca e fazê-lo aderir à minha subjetividade, eu posso construir a minha subjetividade para que possa movimentar-se com coragem, agilidade, com conhecimento de um desconhecido, e nas mudanças que se me apresentam.

O projeto que nós temos é o de construção do indivíduo e não a construção de um Sistema Social que pressupõe um indivíduo imóvel e imutável que foi criado à imagem e semelhança de um deus maluco.

Construir um modelo de Sistema Social é fácil e desastroso. Por exemplo, um campo de extermínio é um modelo de Sistema Social, mesmo sendo miserável e extremo. Todos os elementos que concorrem para construir um campo de extermínio são notórios e facilmente realizáveis por quem detém a posse dos indivíduos. A igreja católica, através da realização das suas estratégias, demonstra continuadamente construir um campo de extermínio de dimensões planetárias, e no decorrer de mil e quinhentos anos tem mudado constantemente as estratégias para poder levar a cabo os seus projetos que sempre colocam obstáculos às necessidades e aos impulsos de Liberdade, que nos Seres Humanos se desenvolviam.

Eu não tenho como descrever todos os elementos que contribuem para a expansão humana. Posso apenas construir um caminho de Liberdade junto com todas as pessoas que pretendem remover os obstáculos encontrados na estrada para a expansão individual e social, e lembrando que para essa expansão é preciso que o indivíduo não fique à espera do carniceiro de Sodoma e Gomorra que lhe indique o paraíso, mas, ao contrário, o indivíduo constrói a si mesmo num infinto de transformações.

No último século tiveram lugar os modelos sociais que tentaram se inspirar em situações diferentes do cristianismo. Como exemplo, os assim denominados modelos sociais comunistas. Na realidade, aqueles modelos sociais eram os modelos sociais cristãos. Aqueles modelos se inspiravam nas fábulas dos cristãos primitivos (uma sociedade secreta unida que se separa do Sistema Social para destruí-lo), ou então inspirou-se na República de Platão (a ditadura de um pensador), ou ainda, a Cidade do Sol, de Tommaso Campanela; bem como a Utopia de Tommaso Moro (organização correspondente à caserna ou correspondente à linha de produção onde a caserna ou a linha de produção penetrava na cabeça ou na psique do indivíduo). Todos esses, para não mencionar a Cidade de deus de Agostinho, eram modelos sociais cristãos, A igualdade cristã consiste tão-somente em ficar de joelhos diante do deus-patrão de maneira que, quem está mais perto desse deus-patrão, faz com que todos os outros indivíduos se coloquem de joelhos diante dele que: diz ser o representante desse deus.

Por esse motivo não existe um modelo de Sistema Social a ser alcançado ou a ser definido, mas existe um longo percurso à Liberdade por meio da individuação e a consequente remoção de obstáculos, tanto a nível individual como a nível de um Sistema Social.

Auto-organização subjetiva para enfrentar melhor o desconhecido que nos rodeia: este é o nosso projeto! Isto vale para qualquer desconhecido que possa ser imaginado, porque a única coisa que permanece com o indivíduo quando o seu corpo físico morre, é o esforço da prática constante e sistemática com a qual ele afrontou o desconhecido que o cercava.

Não sobrestimar o que nos vem já definido: cientistas . Em 99% dos casos são técnicos hábeis dentro do trabalho deles, mas ignorantes na sua capacidade para enxergar e enfrentar a vida.

É verdade que nas faculdades e universidades, especialmente as de ciências humanas, zomba-se de quem manifesta uma fé religiosa, mas é também verdade que, com frequência, elas se interessam apenas com o que está dentro da sua especialização. Eu me lembro quando os jornalistas se aproximavam de Maradona para entrevistá-lo solicitando para que ele se pronunciasse sobre o sofrimento dos jovens em Nápoles, e assim solicitando soluções e remédios. Ele sabia lidar muito bem como uma bola com os pés, mas resolveu a situação vendendo cocaína e similares. Os cientistas dos quais você fala são os protagonistas das guerras, e não os adversários das mesmas. São eles que experimentam as armas e são financiados vendendo armamentos para que os povos sejam exterminados. São os cientistas que construíram a bomba atômica e que a experimentaram. São os cientistas que construíram a bomba de grafite e experimentaram-na.

É dito monoteísmo para indicar um sistema religioso que, como ponto central, tem um único deus (criador, incontestável e proprietário de tudo o que existe) que também está rodeado por muitos aduladores. Uma coisa é a religião e a estrutura dogmática dela, e outra coisa diversa é a constituída pelas estratégias, inclusive as ecléticas, por meio das quais vende-se e é imposto um determinado dogma. No início da propaganda cristã circulavam medalhões com as imagens que de um lado estava Hecate e do outro lado a nossa senhora, ou outros com a figura de nossa senhora e na outra face Vênus-Afrodite. Circularam dezenas de livros sibilinos cristãos e judaicos, mas eram apenas truques para impor, emocionalmente, a submissão: estava se aproximando o fim do mundo, convertam-se! Era suficiente que um indivíduo estivesse por instante em dificuldade para que, de repente, surgisse alguém que mostrasse a ele a súplica ao deus onipotente, e que desse modo ele poderia superar o problema que o afligia.

Nos cruzamentos das estradas desapareceram as imagens dos Lares e de Hecate que foram substituídas pelas imagens cristãs, e concomitantemente no coração do Ser Humano foi substituída a liberdade emocional pela submissão emocional.

(CONTINUA)

CLAUDIO SIMEONI

Eu concentro a atenção sobre coisas em si mesmas não sobre as suas representações ou publicidade de venda! Pelo menos tento! Nos espaços televisivos sempre será vista a imagem do cristão bom que oferece o pão à criança faminta, mas isso até que os cristãos coloquem de joelhos as crianças diante do açougueiro de Sodoma e Gomorra, porquê na realidade os cristãos são os verdadeiros edificadores da fome e da miséria dessas crianças!

Os cristãos são assassinos enquanto são cristãos para além da representação que usam para esconderem a vocação que eles têm, para a chacina. Não nos deixemos fascinar pelas imagens que eles querem passar através da televisão. O dogma cristão é o dogma cristão: impulso para a morte elevado à lei social.

A última declaração que lhe faço é esta:

RESPEITAR A NATUREZA NÃO SIGNIFICA NÃO CONTAMINAR OU NÃO DEVASTAR, MAS SE ISTO VOCÊ NÃO COMPREENDE POR VOCÊ MESMO, ENTÃO EU NÃO LHE POSSO EXPLICAR!

A natureza não é um objeto para ser possuído. Não sou eu o proprietário da natureza, não posso me intitular proprietário dela para tentar demonstrar que, por isso devo tratá-la bem e, assim, para que ela satisfaça as minhas necessidades. Nem mesmo o Ser Leão considera o Ser Gazela como um objeto de posse, nem mesmo quando está devorando-a!

Eu queria, na realidade, ser mais sucinto, mas tive de escrever pelo menos o dobro do que eu desejava para poder juntar elementos para que: quem estiver acompanhando possa tirar disto algo que lhe possa servir.

A coisa mais importante que vocês devem ter em mente é que a magia não está em condições de falar à razão, se a razão já não mais compreende elementos mágicos. Existirá sempre uma barreira que impede a compreensão disto que nós dizemos a respeito da possível compreensão dos adoradores do açougueiro de Sodoma e Gomorra. Mais ou menos como era incompreensível aos Índios da América o desejo e a importância do branco de possuir a terra aonde eles habitavam.

Nós, repito, falamos daquela força que podemos falar, no tocante à magia dos Seres Humanos. A Stregoneria cessa diante da fé que não se sujeita a nenhuma crítica, e cessa diante da violência física. Diante dessas duas formas de ignorância a Stregoneria é impotente

Cordiais saudações.

P.S. Seja dito de passagem que,quanto ao exemplo que dei, negando o conceito de destino, e usando de um fragmento dos Oráculos dos Caldeus, que convidam os Seres Humanos para abandonarem a superstição, é para ser lembrado que o plátano contra o qual fui colidir cresceu por si mesmo. Ele tentou transformar-se e adaptar-se à situação em que vivia lá, naquele local da estrada aonde podia viver. Aquele Ser Plátano veio a ser e cresceu por si mesmo. Assim, os pneus do meu automóvel ficaram lisos, "carecas", porquê eu, sentado dentro do meu carro, rodando quilômetro após quilômetro os consumi. Os pneus não ficaram lisos por obra de uma varinha mágica. Do mesmo modo o indivíduo que passou por mim e me endereçou aquele gesto obsceno não fez o aceno para que eu fosse de encontro ao plátano, mas para que ele pudesse reafirmar a superioridade dele; confirmação do ego dele sobre o meu ego. Essa necessidade que ele manifestou, em acenar obscenamente, foi uma necessidade que ele construiu de escolha em escolha em sua vida, isto é como uma adaptação subjetiva às variáveis encontradas na objetividade em que ele viveu. De modo que a estrada que não estava asfaltada convenientemente assim não estava por obra do "espírito santo", mas porquê se deteriorou pelo uso e por disputas políticas que se arrastaram pelo tempo, e retardaram a restauração do asfalto. Além disso, por quê da minha reação ao gesto dele fez com que eu esquecesse que estava dirigindo um automóvel, e também acabei esquecendo dos pneus que deveriam ser trocados? Quais foram as adaptações, com as quais eu respondi, para levar-me a agir daquele modo, isto é aumentando a velocidade do veículo para persegui-lo? Como me transformo dia após dia, escolha após escolhas minhas? Na realidade eu poderia muito bem ter mandado o indivíduo "tomar no...", e então eu não tereia chocado o meu carro contra o plátano.

Por todas estas considerações nasce a arte da Stregoneria. No filme Jurassic Park com a tentativa de explicar a teoria do Caos o matemático afirma, mais ou menos assim: "Uma borboleta bate as asas em Tóquio e chove em Nova Iorque!" A arte da Stregoneria conduz o Ser Humano a se tornar consciente dos relacionamentos dentro do mundo em que estamos, e através da autodisciplina torna-se parte desses relacionamentos. Se você quiser, em palavras mais simples, por meio da autodisciplina o Stregone se expande, evolui na objetividade, encontra aquela borboleta e a impede ou a favorece no bater das asas, conforme ele deseja ou não deseja que chova em Nova Iorque. O Stregone não faz chover em Nova Iorque, o Stregone coloca em movimento uma série de causas por meio do poder do seu Intento forjado, através da transformação dele próprio: o seu Poder de Ser! De qualquer modo em Nova Iorque poderia chover ou não chover, igualmente, porquê nem sempre a dilatação do Stregone é tal para evoluir no que diz respeito a todas as causas que concorrem para formar o Intento dele.

Exatamente em contraposição ao conceito de determinismo e de destino, é que a Stregoneria se apoia, pois ela não se julga proprietária de todas as coisas, mas fazendo parte das coisas pode agir com essas coisas para alcançar o Intento, do qual as coisas fazem parte.

P.S. N.2 Caro Luciano deixa para lá a sabedoria sobre a origem das ações dos Stregoni (Bruxos). Quando você lê a respeito de como Numa Pompilio extrai a base para a construção do futuro você pode, somente, considerar as lendas e as histórias como mais ou menos fantásticas. Quando Numa Pompilio contava que encontrava-se com a Ninfa Egeria, da qual obtinha conselhos para construir a estrutura religiosa e mágica de Roma, isto acontecia no plano da percepção que nenhum adorador do Carniceiro de Sodoma e Gomorra, e nenhum cientista, autômato das leis físicas e materiais, estão capacitados para alcançá-la. Numa Pompilio pertencia ao tempo dele e um Stregone age sempre dentro do tempo seu para pôr as bases para a construção do futuro que vem ao seu encontro.

Um Stregone atinge mundos da percepção que nenhum indivíduo que, age apenas e tão-somente no mundo da razão, tem quilate para ao menos imaginar. Esse poder pertence somente ao Stregone que apresenta aquela possibilidade aos outros Seres Humanos, mas compete a eles, e somente a eles, desenvolverem o Intento para colherem tal possibilidade. A Liberdade da percepção nasce sempre no interior de cada Ser Humano, e é projetada no mundo em que ele vive.

Se um parecer pode ser dado não é relativo ao grau ou à objetividade da percepção experimentada por Numa, mas é ao que se refere à ação dele que foi determinada por aquela sua percepção, ação que gerou a produção no tempo dele. Tenhamos em mente que a ação de Numa e, não a de Rômulo que guiava uma Primavera Sacra, é a que fundará o Sistema Social Romano até a chegada do homem-deus, primeiramente, e do horror cristão posteriormente. Plutarco poderá apenas coligir as lendas e delas zombar, mas Plutarco não foi um Stregone, não modificou a si mesmo, porém interpretou a realidade de acordo com o seu grau de percepção, dentro da percepção particular dele. Do momento que ele não estava em condições de ultrapassar a simples descrição da razão, tudo para Plutarco eram apenas fábulas. A única coisa que destoa com aquilo que Plutarco escreveu é que a percepção de Numa construiu uma Roma que evoluiu por oitocentos anos. O período em viveu Plutarco é o mesmo em que o horror foi parido!

Agora, saúde!

Marghera, 2000

 

A tradução foi publicada 11 de abril de 2017

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

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