Fim da existência do corpo físico. Fim da possibilidade concedida para o desenvolvimento do corpo luminoso. Fim das mudanças que, por meio da gestação, levou o indivíduo a se tornar adulto, de viver a sua vida de mutação após mutação, e alcançar o objetivo da morte.
Fim da possibilidade concedida?
Ou o fim do exercício da vontade do indivíduo nascido na natureza, das escolhas e da determinação do Ser dentro do relacionamento objetividade-subjetividade no qual se encontrou para existir?
A vida depois da morte do corpo físico é um conceito incerto porque pertence ao incognoscível da razão. A razão morre quando o corpo físico morre. A razão não existe quando o indivíduo nasce. A razão se constrói dia após dia depois do nascimento do indivíduo.
O indivíduo, cada indivíduo da e na natureza, é um complexo emotivo que torna a matéria viva e a conduz a agir formando uma autoconsciência em si mesma.
A emoção estimula a matéria e a conduz, de mudança em mudança a se transformar, sedimentar, ampliar a si mesma no mundo em que se tornou consciente. A emoção é a vida que impele a matéria para uma transformação contínua e a razão é somente um instrumento com o qual aquela matéria, que nós chamamos Ser Humano, se manifesta no seu cotidiano.
Pensar na morte como um sujeito masculino ou feminino indica dois pontos de vista diversos em relação à morte. O ponto de vista que deseja ver a morte como um sujeito masculino, é o ponto de vista daquele que observa, ou não, a morte, como um terceiro sujeito. É o ponto de vista do "patrão da morte" que é "masculino" em relação ao moribundo que se sujeita à morte. Pensar na morte como feminina, é o ponto de vista de quem está morrendo. Ele é aquele que pode parir ou abortar o corpo luminoso próprio, o sujeito emotivo que ele construiu, dentro dele, no decorrer da sua vida.
Eram várias as crenças acerca do após morte que Gregos e Romanos nos deixaram. Todas incertas, como sombras de neblina que se movimentam em circunstâncias com contornos indistintos onde a memória da existência terrena era cancelada com a água do Lete. A invenção do Lete é de Platão que inventa a reencarnação. Com a água do Lete as "almas" de Platão esquecem das suas vidas passadas e estão prontas para reencarnar. A mesma coisa é retomada por Virgílio, adepto da reencarnação.
O conceito mais antigo é o do Hades, do Tártaro e das ilhas dos Beatos.
A dificuldade para os videntes era o de formular o conceito segundo o qual a morte, Moros, era o momento em que a vida era parida.
O nascimento de uma morte não passava despercebido aos videntes, mas era, para eles, muito difícil descrevê-la na vida de todos os dias. Morre o feto e nasce a criança. Onde é colocada a atenção? Sobre a morte do feto ou sobre o nascimento da criança?
A morte do corpo físico era o momento do nascimento do corpo luminoso: do Gênio.
O Gênio, a Juno no feminino, nasce quando o corpo físico morre, No entanto, o Gênio é construído no decorrer da vida do corpo físico. O Gênio é incubado e alimentado por todos os envolvimentos emotivos, que um sujeito viveu durante a sua vida.
O corpo luminoso é construído pela estrutura emotiva do indivíduo, somente se foram apuradas, no desenrolar da existência de um indivíduo, uma série de condições onde as emoções foram envolvidas, permitindo, deste modo, que o corpo físico construa o corpo luminoso.
A existência do Ser Humano era o elemento através do qual o corpo luminoso do Ser podia nascer ou ser abortado.
Aos videntes Romanos as causas e os mecanismos que levavam a esse acontecimento não estavam claros. A maior parte das suas visões estava repleta de Gênios abortados no momento da morte do corpo físico. Talvez por esse motivo exaltou-se o Gênio do imperador, porque o Ser Humano tornou-se imperador, no cotidiano da razão, certamente também o seu Gênio (Corpo Luminoso) havia se desenvolvido tornando-se, de forma forte, ao ponto de manter compacta a Autoconsciência depois da morte do corpo físico.
Dar esse tipo de explicação satisfazia a onipotência da razão, porém não esclarecia o por que de alguns homens abortarem o seu Gênio, enquanto outros homens faziam nascer o seu Gênio para uma vida nova. Foi uma contração dos videntes que a Espécie Humana pagou muito caro.
Essas explicações abriram espaço para o alojamento do conceito platônico de alma, que passou a privar os corpos físicos dos seus conhecimentos e das sua paixões peculiares, e assim acabando por matar, nos homens, a possibilidade para construir o seu Gênio e, por conseguinte, transformar a morte do corpo físico no nascimento do seu Gênio, do seu corpo luminoso.
Quem é, em vista disso, Mors? É o fim da existência dos Seres da Natureza: é o escopo da existência e do vir-a-ser desses Seres.
Mors não é um aviso aos Seres para ser recordado como sendo o tempo que eles vivem, isto é, que têm limites precisos de duração. Mors é um momento em que acontece uma explosão de Energia e, de qualquer modo leva o sujeito à morte, o mundo em que ele viveu não será mais o mesmo.
Os Seres Humanos que seguiram uma estrada que conduz ao desenvolvimento da Autoconsciência, em direção ao Ser, constaram-se bastante fortes para manter compacta a sua Consciência individual transferindo-a, por conseguinte, para o corpo de Energia; os Seres Humanos que renunciaram exercer a vontade individual e as determinações, isto é decisões pessoais, no cotidiano da razão, e que inundam o ambiente ao redor, são as que na morte do corpo físico, dispersam a Energia Vital que restou: o último banquete para o deus dos cristãos que se faz passar pelo senhor, patrão e criador do universo.
Mors é aquilo que o Ser Humano tende. Mors é aquilo que o Ser Humano deseja.
Os videntes da antiga Roma ficaram perplexos com o fato de que Mors era esperada por dois tipos diferentes de pessoas: os desesperados que a invocavam para pôr fim aos seus sofrimentos, e os Seres Humanos poderosos que a esperavam para concluir o que faziam.
Essas visões diferentes bloqueou o desespero que, ao contrário, tinham os cristãos de Mors. Estes, de qualquer modo, seriam aniquilados por Mors. Não tinham nenhuma arma com que pudessem se opor, pois toda a sua vida haviam se submetido ao seu deus-patrão que havia se nutrido da sua submissão. Tais como muitos Isaque que foram colocados sobre a pira para sacrificar as suas vidas, com o objetivo de glorificar o seu deus. Deste modo, foram esvaziados e, no momento da morte do seu corpo físico, ficavam e continuam ficando desprovidos de energia emotiva. E, assim, suplicam ao seu deus-patrão para que lhes dê uma possibilidade nova e diferente.
Os cristãos, os muçulmanos, os hebreus e os budistas chegam ao encontro com a morte do seu corpo físico já como mortos, dentro de decênios. Por conseguinte, eles deveriam inventar uma consolação. Eles sim, morriam!
Certamente, depois da morte, nada existia, mas sobre isto teria pensado o deus, o criador destes, bem como seu filho, que fariam com que ressurgissem em corpos da tumba. Exatamente como Platão inventou o consolo da reencarnação, para poder remediar o fracasso da existência ao qual ele constrangia os homens.
Deste modo, os cristãos pretendiam exorcizar Mors. Deste modo, também, procuravam esconder o medo.
Pobres iludidos!
Se, pelo menos, tivessem conservado somente com eles tal medo. Não! Eles deveriam sufocar cada vir-a-ser de todos os Seres Humanos, impondo a impotência e o terror diante de Mors para nutrir o seu deus por meio do pavor dos homens.
Um Ser Humano que viveu sua própria vida, usando a sua vontade pessoal, e com as suas determinações individuais aguarda Mors como sendo o final de um trabalho, de qualquer modo bem elaborado! Não há desespero num Ser que busca a sua Autoconsciência ao trilhar o caminho do Ser, pois ele está pronto para exercer a sua vontade própria em quaisquer formas em que se encontre, e em quaisquer condições que ele continue existindo.
O hábito de exercitar a vontade própria e as suas próprias decisões, como elemento através do qual exercitar o Poder de Ser exclusivo, uma vez adquirido, nunca mais é perdido.
Que recordes de Mors, portanto, com esperança, enquanto escalas o cume do Conhecimento e do Discernimento dia após dia. Isto porque, no momento da morte do corpo físico, a única coisa que levamos junto é a riqueza do patrimônio emotivo que modelamos no decorrer das nossas vidas, de desafio em desafio, ação após ação, escolha após escolha, dia após dia. Isto nos permite tornarmo-nos eternos, construindo o nosso Corpo Luminoso.
Texto de 1993
Revisado no formato atual: Marghera, junho de 2018
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
A tradução foi publicada 11.12.2018
Il sentiero d'oro: gli Dèi romani |
A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona
O suicídio representada por Julieta em Verona
A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.
O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.
Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne. |
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone) Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo) Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Veneza Tel. 3277862784 Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.