Iasião e Deméter: Pluto
na Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

De: CLAUDIO SIMEONI em seu LIVRO: * A ESTIRPE DOS TITÃS *

A Religião Pagã e a Teogonia de Hesíodo

 

Pluto

Pluto indica, geralmente, a riqueza no sentido do bem-estar.

O nome Iasião tem a sua raiz em "curador", aquele que cura, e Deméter é a liberdade filha do tempo, Cronos, e da inteligência da Terra, Rea.

De Iasião e Deméter vem a ser gerado Pluto. Lembro-lhes que Iasião nasce de Zeus e Electra nascida de Atlas, o que escora o mundo. Na Odisseia conta-se que, exatamente pela relação de Iasião com Deméter, foi fulminado por Zeus.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- Deméter, sublime Deusa, gerou com o herói Iasião,
sobre o fértil solo de Creta, na vala três vezes cavada,
o bom Pluto, que sobre a Terra e Mar imenso,
a todos os lugares se dirige; e quem ele encontra e que sobre ele
consegue colocar as mãos, imediatamente ele faz com que esse
alguém se torne rico, e lhe concede fortuna.-

Hesíodo, Teogonia 969 - 974

NOTA: no mito existe um pouco de confusão entre Jasão do Velo de Ouro e Iasião, que com frequência é traduzido por Jasão, filho de Zeus e Electra. O próprio Romagnoli faz esta confusão.

A Liberdade, Deméter, que gera o bem-estar, a riqueza.

Pluto era o último Deus que eu desejava expor na primeira redação da análise da Teogonia apresentada pela Radio Gamma5 no ano 2000. Naquele momento, em Pluto, a minha percepção se fixou. Mais do que imobilizada, a percepção, havia surgida a consideração de que Pluto representava o oposto dos valores ideológicos e sociais do hebraísmo e do cristianismo que a nossa sociedade está vivendo.

Pluto nunca teve um templo na Grécia, mas em Roma eram muitos os templos dedicados à Fortuna. E Pluto está para o sistema religioso de Hesíodo como Fortuna está para o sistema religioso da Roma Antiga.

É como se Pluto fosse o ponto de chegada da Teogonia inteira. O ponto de onde a Teogonia pode retomar o seu curso e tornar-se fonte de inspiração aos Seres Humanos de hoje. Pluto nasceu de Deméter, a liberdade, com Iasião, sendo parido num campo arado três vezes.

Arar três vezes significa trabalhar duro!

Pluto é a riqueza que alcança aquele que trabalhou duro. Pluto é o bem-estar que vem a ser construído pelo intento dos Seres Humanos, que agem para construir o futuro deles.

Deméter é a força do crescimento, da transformação, da libertação dos vínculos no ser.

Iasião é o Ser Humano que cultiva três vezes o campo para obter uma grande colheita. Iasião é aquele que dá existência às ações para construir; Deméter é a força da construção que essas ações produzem e alimentam.

Aqui não estamos falando do Jasão que vai em busca do Velocino de Ouro, um Iasião que é definido, inclusive para distingui-lo do outro Jasão. No Hino à Deméter, de Homero, Pluto segue a Deusa e distribui riqueza aos iniciados de Elêusis, em Aristofane. Pluto é representado por um velho cego que distribui riqueza indiscriminadamente, principalmente a quem, segundo Aristófane, não a merece.

Pluto é a oposição à Pênia, a pobreza.

Pluto era representado com a cornucópia da riqueza, do bem-estar. A cornucópia distribuidora da abundância. Em Roma a cornucópia era o símbolo da Deusa Opi, a abundância.

O verdadeiro enigma da questão está no campo arado três vezes. O campo arado três vezes se torna distribuidor de riqueza. Se o campo não é arado três vezes, Deméter se recusa a dar um filho a Iasião: recusa dar a riqueza a quem não trabalhou, não agiu, não construiu com um conjunto de ações, através das quais a riqueza pode crescer.

Por quê um simples vidente, como eu, na primavera do ano de 2001, vê em Pluto a grandeza de Deméter e a sua infinita sabedoria? Deméter pede ajuda na sua busca, porém colocou as bases para que os Seres Humanos tomando conhecimento da submissão, que os consome, possam reconhecer o que podem fornecer (deles) para ajudarem Deméter. Assim encerro a visão do infinito, que Hesíodo me abriu, para retornar ao mundo cotidiano onde os Deuses estimulam o Ser Humano a se livrar da submissão, que impede todos os Seres Humanos de se tornarem Deuses, e portanto baterem às portas do Olimpo. Agora eu me pergunto: por quê Deméter não gera Pluto com aqueles Seres Humanos que aram três vezes o campo com amor e com paixão? Por quê Pluto parece que está cego ao doar? O que aconteceu na vida dos Seres Humanos? E por quê Deméter percorre o mundo suplicando ajuda dos Seres Humanos?

Então olho ao meu redor e me pergunto o por quê das coisas!

Mataram os Seres Humanos que aram o campo três vezes e, ainda, se apoderam da riqueza para imporem a miséria, imporem a submissão e impedem os Seres Humanos de baterem às portas do Olimpo!

Como aconteceu?

Conhecemos a dor!

Conhecemos os mortos!

Conhecemos as matanças!

Conhecemos as destruições dos povos!

Conhecemos o frigir da carne sobre as fogueiras!

Conhecemos a dor advinda da destruição!

O que não queremos ver é a origem de onde tudo isto teve início!

Quem comandou as matanças? Pluto é entregue aos braços de Irene!

Quem comandou a destruição dos povos?

Quem ordenou para que as carnes frigissem?

Aquele que não queria que Iasião arasse o campo três vezes com o objetivo de fazer com que Deméter doasse Pluto a ele?

Chegou a hora de tomarmos conhecimento, lendo (já que não podemos ler os livros que os cristãos destruíram, nem podemos mais celebrar os mistérios de Elêusis para podermos manifestar o nosso afeto à Deméter), a fonte da origem do horror que destruiu Pluto, o bem-estar na sociedade, o filho de Deméter, na vida dos Seres Humanos:

"Vejam os pássaros no céu; não semeiam, não colhem nem amontoam grãos nos celeiros. E no entanto o pai celeste de vocês lhes dá de comer. Não valem vocês muito mais do que as aves? Qual de vocês, por mais que se preocupe, poderá prolongar um pouco mais o tempo da sua vida? E por que hão de andar preocupados por causa da roupa? Reparem como crescem os lírios do campo! E eles não trabalham nem fiam. Contudo asseguro a vocês que nem o rei Salomão, com toda a sua riqueza, se vestiu como qualquer deles. Ora, se deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada, a vocês ele há de vestir, ó gente sem fé? Não andem preocupados a dizerem: "O que haveremos de comer? O que haveremos de beber? O que havermos de vestir? Os pagãos, esses são os que se preocupam com todas essas coisas. O pai celestial de vocês sabe muito bem que vocês precisam de tudo isso."

Evangelho de Mateus 6, 26 - 32

Eliminar o impulso de expansão dos Seres Humanos. Induzi-los a não agirem para transformarem o presente e, assim, poderem construir o futuro específico deles. Com esses dizeres inculca-se nos Seres Humanos para construírem a miséria, impondo-se a "santidade" como um gesto de renúncia à semeação, ao cultivo e ao armazenamento do que se semeou. Esse gesto de renúncia para construir-se a vida. que para os cristãos torna-se expressão da fé na onipotência do deus-patrão deles, e torna-se um ato de submissão religiosa. A construção da miséria material e cultural, por meio da qual permitem a intervenção do deus proprietário deles, que os induz a não trabalharem. Quanto maior for a miséria material e cultural construída com a renúncia. com maior entusiamo emotivo serão vividos os elementos "imprevistos" da sobrevivência própria atribuindo-os à providência do próprio deus-patrão. Ao mesmo tempo, os chefes dos seguidores desses ensinamentos se apropriarão das riquezas materiais por meio de alguma fonte de atividades diferentes das atividades da fonte de atividades do arar e do semear (apoderam-se com alguma forma de violência), e ainda usarão dessas riquezas materiais para obterem a submissão daqueles que foram reduzidos à miséria, além disso instigando-os a manifestarem agradecimento pelo pouco que lhes é doado (por caridade), após terem sido enceguecidos para não enxergarem o que lhes foi roubado.

Quem você acredita ser ? Você não é capaz de alcançar nada sozinho na sua vida. O destino pertence ao nosso deus-patrão! Para um cristão um corpo doente e um corpo sadio está na dependência da vontade do deus-patrão dele, dessa maneira os cristãos constroem a miséria tentando marcar todas as pessoas com seus ferros incandescentes, conseguem a destruição da cultura, das estruturas médicas; para eles existe o destino que lhes é enviado pelo deus-patrão. Abandonam-se ao deus proprietário (dizem que estão nas mãos do deus deles) para manifestarem a fé pessoal. É o abandonar-se ao querer do deus-patrão que, com a sua grandiosidade, concederá o suficiente que os "animais" do gado têm necessidade. E se esse suficiente não lhes for concedido é porque assim foi a vontade do deus (patrão).

Os Pagãos ocupam-se em arar o campo três vezes e com isto recebem em troca a riqueza, o fruto do trabalho deles. Os Pagãos se ocupam da limpeza, da dignidade do corpo, para poderem alcançar mais dias nas suas vidas. Os Pagãos empenham-se em manter relacionamentos com as pessoas, e com a cultura, dentro do Sistema Social, e desse modo enriquecer o futuro desse Sistema Social. Os cristãos destruirão num futuro próximo cada riqueza que se manifesta no presente para poderem dispor de um Sistema Social pobre, miserável, um Sistema Social que está sempre pronto a suplicar (ao deus deles) ao invés de construir (arar o campo três vezes).

E ainda diz, com todo o seu ódio, através de Lucas, o Jesus:

"...não se preocupem com a vida de vocês, o que comerão, nem se preocupem com o que terá o corpo de vocês, para vestir; porque a vida vale mais do que o alimento e o corpo mais do que a vestimenta. Observem os Corvos: não semeiam nem colhem, e eles não têm despensa, nem celeiro, e deus os nutre. Vocês valem mais do que os pássaros! Quem de vocês imagina, por mais que pense, em aumentar um dia a mais na vida de vocês? Se, portanto, vocês são impotentes diante dessas pequenas coisas por que se preocupam com as outras coisas? Considerem como os lírios crescem nos campos: e eles não fiam, nem tecem, e, todavia, eu lhes digo que nem ao menos o rei Salomão, com toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Se, por conseguinte, deus veste assim as ervas que hoje estão no campo, e amanhã serão queimadas, o que não vestirão vocês, gente de pouca fé! Não procurem o que comerão, nem o que beberão; não agitem os ânimos, porque são as pessoas deste mundo que se preocupam com essas coisas, mas o pai de vocês sabe do que vocês necessitam..."

Evangelho de Lucas 12,22 - 30

Lucas acrescenta, com o que vocês se preocupam? Vocês já estão mortos! Vocês não pertencem a este mundo. Vocês não são os Seres que vivem na Natureza. Não filhos de tudo isto que aqui existe: vocês são gados que pertencem ao deus-patrão. E por fazerem parte de gados, de propriedade do deus-patrão, não agitem os ânimos, suportem. Aceitem o que vocês são e não se preocupem em arar nem em semear. Vocês são bestas de tal forma mesquinhas que são impotentes diante de pequenas coisas, não se coloquem os quesitos da vida. Tenham fé no deus-patrão e na previdência dele, coloquem-se de joelhos e supliquem.

Além disso, Lucas, em seu evangelho, fala de um trabalho que é feito. Um trabalho que constrói a vida? Não! Um trabalho que serve para construir terror em quem escuta isso que Lucas falou. A erva que é arremessada ao fogo! Por quê ele fez questão de salientar a respeito da erva que é arremessada ao fogo? Porquê, para Lucas, os Seres Humanos estão no mesmo nível da erva do campo, e assim devem se comportar, como ervas do campo. Desse modo o deus-patrão pode vesti-los conforme lhe convier. Submeta-te ao deu-patrão, porque assim, com a tua submissão, ele te vestirá conforme achar mais conveniente. Como as ervas dos campos!

E, destarte, esse foi o modo como Pluto foi morto. Não existe mais a vontade e a determinação do Ser Humano ao construir o seu futuro próprio, existe a vontade para impor a submissão para devastar o Sistema Social impondo-se a miséria. Quantas vezes, na história, isto ainda acontecerá! Quantas vezes o presente de Deméter será destruído para que os Seres Humanos sejam objetos de caridade! Portanto, Pluto, o bem-estar social, deixa a sociedade dos Seres Humanos para Pênia, a pobreza, ocupar a função dele, e usar do método para extorquir os homens.

E, ainda sobre Jesus, Marcos escreve em seu evangelho:

"Os discípulos haviam esquecido de levar pão e só tinham um pão no barco. Naquele momento Jesus chamou a atenção deles, dizendo: "Fiquem alertas e tomem cuidado com o fermento dos Fariseus e com o fermento de Herodes." Mas eles começaram a dizer uns aos outros: "Não temos pão." Ouvindo o que os discípulos estavam dizendo, Jesus perguntou-lhes: "Por que estão preocupados por não terem pão?" Vocês ainda não refletiram e nem entenderam o que eu disse? Endureceram o coração? Vocês têm olhos e não veem? Têm ouvidos e não escutam? Não se lembram? Não se lembram dos cinco pães que parti para cinco mil homens? Quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram?" Eles responderam: "Doze". " E quando eu parti os sete pães para quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram?" Eles responderam: "Sete". Então lhes disse: "Será que ainda não entendem?"

Evangelho de Marcos, 8, 14- 21

A preocupação por não terem arado o campo é grande. Não há o lugar aonde semear. Não haverá um momento para aceitar o presente de Deméter. Quem vive uma situação dessa manifesta angústia. "Caramba! Eu não cultivei quando poderia ter cultivado! Porcaria! Eu não me preparei! Maldigo o momento em que não me equipei!" Em vez de dizer: "Neste momento eu enfrento o presente sem estar preparado, mas isto não acontecerá mais! Devo agir para obter os apetrechos com os quais vou me preparar, construir-me, e para poder enfrentar, do melhor modo possível, as adversidades do tempo que vem de encontro a mim!" Os cristãos impõem às pessoas uma aceitação passiva das condições de miséria construídas pela desatenção de quem não arou o seu campo individual. "Por que vocês se preocupam por não terem pão? O arar, o semear, o armazenar servem para o nada, pois essas são atividades dos Pagãos: "Deixem que eu pense em como multiplicar os pães e os peixes!" Estejam alertas das tentações dos malvados que, incitando-lhes para vocês enfrentarem a vida, para que arem o campo três vezes, levam vocês a aceitarem as solicitações de Deméter e consequentemente levam todos vocês a enriquecerem o Sistema Social em que vivem.

"Por que se preocupam por não haver pão? Ainda não refletiram e nem entenderam? Vocês endureceram o coração? Vocês têm olhos e não enxergam? Vocês têm ouvidos e não escutam? Não lembram? Quando eu parti cinco pães para cinco mil homens, quantos cestos repletos, diante de vocês, recolheram?"

Evangelho de Marcos 8,17 - 19

Eu sou o proprietário de vocês; portanto, dependem de mim, da minha capacidade para multiplicar os pães e os peixes e verificarão que, depois, também recolherão cestos repletos diante de vocês. Isso não é a capacidade do homem para enfrentar o mundo e o seu futuro particular, arando o campo, e providenciando apetrechos para as suas necessidades individuais; mas é a dependência de um possessor que, pretendendo possuir um desconhecido, tenta ludibriar o próximo inculcando nele a ideia de que será ele, o patrão, quem providenciará o futuro alheio. Exatamente como faz o pastor com as suas ovelhas considerando-as "tolas" e incapazes, exaltando-se como o proprietário delas, inclusive e especialmente no momento em que as conduzirá ao matadouro. Desse jeito, a dependência naquele que pode multiplicar o que não é produzido por meio de um campo arado três vezes, sem nenhuma dúvida constrói, no Ser Humano, a destruição da capacidade própria de providenciar os instrumentos para o futuro. Com essa dependência o Ser Humano não estará mais em condições para cultivar - o seu vir a ser futuro - , isto é não estará mais em condições para receber o presente de Deméter; tornou-se um sujeito miserável e, por conseguinte, estará esmolando a caridade e a benevolência do seu deus-patrão.

Vamos cuidar inclusive do Pluto destruído!

O Ser Humano deve estar acautelado com a requisição dos cristãos que é a de destruir Pluto, e nessa trapaça, eles tem o objetivo de reafirmarem o direito deles de domínio sobre todas as pessoas. Os cristãos operam com a má-fé seguinte: somente as pessoas que vierem a ser privadas do presente de Deméter, o seu filho Pluto, poderão ser reduzidas à miséria e, então, consequentemente, estarão sob o tacão do cristianismo e do deus-patrão do cristianismo.

Os cristãos programaram cientificamente e praticaram sistematicamente a destruição da riqueza das pessoas, em vários sistemas sociais. Da maneira como têm agido eles destruíram a economia desses sistemas sociais, mas principalmente a cultura, as ligações socio-emotivas de várias populações.

A estratégia da destruição está delineada por Jesus, nos evangelhos, no ponto em que referem-se à relação entre Jesus e o jovem rico.

Marcos escreve nos seus evangelhos:

"Enquanto se preparava para sair em viagem, veio alguém correndo diante dele e atirou-se de joelhos e perguntou-lhe: "Bom Mestre, o que devo fazer para obter a vida eterna?" Jesus disse-lhe: Por quê me chamas bom? Ninguém é bom a não ser deus. Tu conheces os mandamentos: não matarás, não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe." Ele respondeu-lhe: "Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha mocidade." Então Jesus fixou nele o olhar, amou-o e lhe disse: "Uma só coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me carregando a cruz.". Mas ele se perturbou com essas palavras e foi embora entristecido porque possuía muitos bens.

Então, Jesus, olhando ao seu redor, disse aos seus discípulos: "Quão difícil será para aqueles que possuem riquezas entrarem no reino de deus!" Os discípulos ficaram assombrados com as palavras dele. Mas Jesus retomando a palavras disse-lhes: "Filhinhos, como é difícil para aqueles, que colocam a confiança nas suas riquezas, entrarem no reino de deus!" É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de deus!" Eles ficaram ainda mais pasmados e indagaram entre eles: "E quem poderá ser salvo?" Jesus olhando-os concluiu: "Aos homens isto é impossível, mas não a deus; porque para deus tudo é possível."

Evangelho de Marcos 10, 17 - 27

O exemplo que é dado é importante. Eu, - diz a pessoa que se apresenta, - sou Pluto. Eu construí o bem-estar, - além do que, fala inclusive: - interessa-me ter acesso à eternidade: segundo você o que devo fazer? Na pergunta "o que devo fazer" há a renúncia em ser Pluto. Jesus solicita a ele para que se torne pobre, indigente, doente. Jesus não solicita a ele a renúncia em acumular indiscriminadamente, solicita para que ele renuncie não apenas ao que ele possui, mas solicita para que se torne indigente. A resposta poderia ter sido: continua a arar o teu campo, continua organizando-te para construir o teu futuro, favorece o desenvolvimento da sociedade, constrói escolas ou melhora as comunicações. O Ser Humano, quando se torna incapaz de examinar o que há ao seu redor, incapaz de modificar o presente como consequência de um futuro possível, não percebe a destruição que ele colocou em movimento no presente dele.

Nós conhecemos o conceito de construir. Por intermédio do trabalho gera-se Pluto, a riqueza, o bem-estar. Nós não estamos habituados a pensar na destruição oriunda de um trabalho que é realizado. Nós estamos habituados a ver o trabalho como uma melhora, não como destruição e aniquilamento. O trabalho serve para construir e programar a Sanidade Nacional. Não o inverso, querendo que os usufruidores acreditem que o trabalho, empenho e o planejamento estão voltados à destruição da Sanidade Nacional, e querendo inculcar que a destruição dela seja para o "bem" deles.

Quando o homem não consegue ver a sedimentação da consciência e conhecimento acumulados pela sua ação, então ele não consegue ver nem ao menos as ações que destroem as suas possibilidades para acumularem consciência e conhecimento. Por conseguinte, não está mais em condições para distinguir a ação que constrói da ação que destrói.

Quando o homem não consegue entrever o Poder gerado através da sua atividade, então é fácil convencê-lo da existência de um poder onipotente capaz de socorrê-lo, e consequentemente, torná-lo dependente de uma esperança da providência desse poder.

Por quê aquela pessoa que se dirigiu a Jesus, o jovem rico, construiu a sua riqueza particular arando o campo? Porquê para fazê-la não roubou, não matou, não trapaceou: arou o campo. Jesus descobre que essa pessoa não pode culpar a si mesma. Jesus percebe que poderia jogar com os sentimentos de culpa do jovem rico. Essa pessoa, para Jesus, é como o Fariseu que sobe orgulhoso ao templo, porquê respeitou a cada regra e, por este motivo, não deve abaixar os olhos diante do deus-patrão, mas pode pedir ao deus-patrão para manter fé no pacto. A essa pessoa não se pode culpá-la tentando dizer que ela cometeu faltas, mas deve-se aceitá-la e respeitá-la porquê ela seguiu e comportou-se conforme as normas estabelecem. Essa pessoa soube fazer-se Pluto e, agindo assim, alcançou o bem-estar. Para Jesus, aquele jovem abastado representava um perigo. Jesus não poderia dizer a ele: "como te permites dirigir-te a mim sendo malvado como és?"

Então, Jesus deve obrigar a essa pessoa, o jovem abastado, a tornar-se uma pessoa necessitada, um sujeito dependente de caridade! Para esse intento Jesus não pode ir ao juiz, pois não tinha como incriminá-lo de pecados, Jesus percebeu que só poderia desfrutar de um modo para prejudicá-lo, e esse modo era somente despertando no jovem o desejo para a eternidade. Jesus percebeu que deveria privá-lo do poder com que o jovem já tinha construído a sua própria eternidade. Esse jovem rico não reconheceu o Pluto que Deméter lhe tinha presenteado. Não reconheceu a sua transformação particular por meio da sua própria atividade, do seu trabalho. Eis então os cristãos prontos para construírem o engano: se tu queres alcançar aquilo que tu anseias, então renuncia a ti mesmo! Em outra palavras, se tu desejas a vida eterna, deves renunciar a vida eterna que construíste dia após dia, arando o teu campo, construindo a ti mesmo!

De fato, quando Jesus tenta encontrar algum motivo para chantagear o jovem rico, elencando os preceitos, o jovem abastado responde a Jesus:

"Ele respondeu: 'Mestre, tudo isso eu o observei desde a minha juventude.' Então Jesus, fixando nele o olhar, amou-o..."

Evangelho de Marcos 10, 20 -21

Este passo é importante para compreender-se o quanto Jesus tenta destruir Pluto. O comportamento do louco de Nazaré é o mesmo comportamento de desprezo usado por cada cristão: "Se tu respeitaste as regras, significa que tu és fraco; significa que tu te submeteste às regras, ao invés de violá-las e tornar-te senhor delas. Se tu te submeteste às regras, então tu podes submeter-te inclusive a mim! Tu és um objeto de posse das regras sociais e, portanto, podes ser possuído também por mim!" Este é o significado do ato em amar o louco de Nazaré: manifestação do desejo dele de possuir. Só que a pessoa que lhe está adiante insiste: " Eu respeitei as regras não porque temesse as punições, ou porque era fraco diante delas, mas respeitei-as porque aquelas regras devem ser respeitadas para a construção do bem-estar social. Eu não matei, não porque seja incapaz de matar, mas porquê existem outras maneiras para relacionar-se com o inimigo. Eu não roubei, não porque não anseie a riqueza e o bem-estar, mas porquê eu construí o meu bem-estar arando o campo três vezes. Agora tu me dizes para submeter-me e para que aceite a miséria para em troca ter a vida eterna, esta não é uma boa troca! Eu não renuncio em enriquecer o Sistema Social para, ao invés disso, semear a miséria dentro dele!" Efetivamente, Jesus não lhe diz: "Elimina a pobreza!" diz-lhe: "Alimenta a pobreza através da caridade e do teu tornar-te pobre!" Diz ao jovem rico para tornar-se miserável e para destruir o Sistema Social.

Quando essa pessoa (o jovem abastado) dirige-se ao louco de Nazaré, e este vem com aquela afirmação segundo a qual seria muito mais difícil aos ricos terem acesso ao reino do pai dele, então,

Imediatamente surge um pânico entre os seguidores dele:

"Eles ficaram ainda mais pasmados e, entre eles, se perguntaram: E quem poderá se salvar?"

Evangelho de Marcos 10, 26

A dúvida que surgiu entre eles era a seguinte: - então a qual atividade nos dedicaremos? - Não certamente a de arar o campo três vezes para poderem receber o presente de Deméter! Não certamente a de tecer e fiar ou a de semear e colher; pois essas atividades eram destinadas aos Pagãos. No entanto ansiavam as riquezas, pois evidentemente esta é a única explicação pelo fato de terem ficado angustiados, e ao mesmo tempo ficaram temerosos de perderem a vida eterna que, o Jesus, o louco de Nazaré, lhes prometia. Eles estavam empenhados numa única atividade continuada por mil e seiscentos anos: e naquele momento viam Pluto ser roubado das mãos deles e estavam sem forças para defenderem o presente de Deméter!.

O louco de Nazaré então vem socorrê-los pelo temor e tremor que enfrentavam: "Não se preocupem, roubem inclusive!", disse-lhes, porquê de fato afirma:

"Isto é impossível aos homens, mas não a deus; pois tudo é possível a deus"

Evangelho de Marcos 10, 27

Por esse motivo, esses personagens imaginaram um deus assassino, um deus que os tivesse feito a sua imagem e semelhança; e ainda imaginaram que todas as carnificinas que executariam na humanidade, carnificinas essas que representariam a maior glória ao deus-patrão deles, seriam carnificinas santas, pois seriam admitidas, desejadas e vaticinadas por esse deus. Com os ensinamentos de Jesus a igreja católica santificou a pior escória criminosa da história: aqueles que roubaram e continuariam roubando o bem-estar dos homens. O Pluto que os homens receberiam de Deméter como um presente pelo trabalho deles.

Uma matança cujo significado é o de mostrar a destruição do presente de Deméter aos Seres Humanos, aos que construíssem a vidas deles no infinito das mutações.

Esta é a derrota de Deméter, que teve o seu filho Pluto destruído. Este é o triunfo de Pênia (a Miséria).

O campo teria sido arado, mas o presente de Deméter teria sido furtado de quem arou o campo! Quem arou o campo não teria recebido um prêmio pela sua labuta, mas teria em troca somente o terror e a intimidação com a qual coagia-se à renúncia da dádiva de Deméter.

Debaixo do cunho do apoderamento, da escravidão alçada como sendo um valor religioso proveniente de Jesus, Deméter não gerou mais Pluto, pois não havia mais coerência. Pluto é o bem-estar construído através do trabalho do Ser Humano. Entende-se o trabalho como a capacidade do Ser Humano em transformar mercadorias em produtos úteis para a vida do Ser Humano. Quando os adoradores do louco de Nazaré devastaram o mundo antigo; a primeira condição que eles impuseram foi a de que passariam a ter direito não somente de apropriar-se do produto do trabalho alheio, sem uma retribuição adequada, mas impuseram o direito de assassinar aqueles que construíam riqueza para impedi-los de desfrutarem do bem-estar.

Pluto, o construtor do bem-estar da vida, viria a ser aniquilado e substituído pelo louco de Nazaré: o construtor da miséria! O filho de Deméter, o crescimento tal como o impulso divino do universo, viria a ser substituído por quem se gabava ser o filho daquele que se divertia com a humanidade destruindo-a com o dilúvio para poder satisfazer seus caprichos particulares, ou seja aquele que impunha aos Seres Humanos o mandamento: "Ou vocês fazem aquilo que eu quero, ou mato todos!"

Pluto é a divindade nos Seres Humanos que, mais aterrorizava e aterroriza os adoradores do louco de Nazaré: este que é o construtor da miséria. Com Pluto é necessário recomeçar para sair do horror que o final da Teogonia de Hesíodo nos deixou.

Se a história antiga dos Deuses e das consequentes transformações se encerra com Pluto, a história de hoje se abre e se inicia partindo-se do renascimento de Pluto. A busca pelo bem-estar social, pela distribuição da riqueza nacional produzida, é o único método por meio do qual escapar do terror cristão. É um caminho que vem sendo percorrido, pelos Seres Humanos, para que possam obter a salvação saindo do horror de mais de mil e seiscentos anos de terror cristão.

A partir do DEUS Pluto, o bem-estar que o Ser Humano edifica, transformando mercadorias em produtos capazes de satisfazerem as necessidades humanas, através da arte de Apalpar o Mundo, o Paganismo Politeísta inicia o seu caminho.

Inicia o seu caminho privativo, especial, evocando em alta voz os TITÃS para que saiam do Imenso Tártaro e venham socorrer os Seres Humanos que, ao livrarem-se da posição humilhante do ajoelhar-se, iniciem o caminho deles para virem a ser na eternidade das mudanças.

Nota: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas", Edição de Nicola Zanichelli, Bolonha 1929.

Nota - usadas também: Citações dos evangelhos extraídas da bíblia usada pelos católicos.

Nota através da transmissão radiofônica do ano 2000 - início de revisão em 18 de setembro de 2014

Revisão

Marghera, 20 de novembro de 2014

A tradução foi publicada 29 de junho de 2016

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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A análise da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.