Ilizia é a morte do Ser feto e o nascimento do Ser da Natureza. Nesta transformação se manifesta Hera através da filha (pequena Hera) Ilizia.
Ilizia ou Eiletuia é o nascimento. A ação de Ilizia é no nascimento.
Hera, o Ser Natureza, dá à luz duas condições essenciais através das quais regula o seu desenvolvimento próprio por meio do desenvolvimento dos Seres que germinam nela. O nascimento e a maturidade sexual.
No mundo do tempo não existe nascimento. No mundo do tempo a ação aparece e, no momento em que a ação aparece, perturba o mundo do tempo que, àquela ação responde modificando os aparecidos ou manifestando novos surgimentos.
Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:
- Hera, por última, Giove, pai dos homens e dos Númens, converteu-a em sua esposa vigorosa: com ele mesclada em amor, A ele a Divina pariu Hebe, com Ares e Ilizia. -
Hesíodo, Teogonia 921 - 923
Para nascer é necessário que o tempo se transforme em mudança e seja informado aos objetos que se transformam. O tempo se transforma em mudança somente no mundo da razão.
Enquanto Hecate é a guardiã do infinito tanto dos Titãs como dos Deuses Olímpicos, e dos mortais, transformando a morte do corpo físico em nascimento do corpo luminoso, Ilizia transforma em Ser da Natureza aquilo que germina no seio de Hades pela ação de Perséfone, a pequena Deméter.
O mecanismo construído por Zeus é o próximo (a entrar em ação). Perséfone é baixada no Hades, naquele momento Hades se torna o ventre que é capaz de gerar, um útero, um ovo ou uma semente. Antes disso a germinação dos Seres da Natureza acontecia mediante a cisão. A germinação produzida por Perséfone no Hades é transformada por Hera e Zeus em nascimento através de Ilizia e conduzida à maturidade sexual como a manifestação de Hebe. Do momento que tudo nasce em função, para a serventia, da morte, Hecate conduz os mortais (e os imortais, porquê imortal é assim considerado somente na visão do sujeito, já que não existe a persistência absoluta do estado de existência particular nem para o Sol nem para a Terra) para além do umbral da morte do corpo físico ajudando-os na transferência da autoconsciência para o corpo luminoso deles.
Ilizia garante o desenvolvimento à Hera. Hera é o Ser Natureza em si mesmo. Hera é Mãe Natureza. De modo que cada DEUS que tem o epíteto MÃE gera e expande a Autoconsciência própria através do nascimento. Tudo o que nasce no Ser Natureza amplia, engrandece Hera. Hera é grande porquê os seus filhos são muitos e muitas são as Autoconsciências que germinam nela. Ilizia é este germinar. Esse fazer divino que alimenta a vida e a Autoconsciência. Esta DEUSA é a custódia, a proteção do vir a ser de Hera. Ela garante o desenvolvimento de Hera por meio do crescimento das espécies individuais na Natureza. Quanto mais numerosas forem as espécies que se desenvolvem em Hera mais rica e mais numerosa é a sua Autoconsciência; quanto mais numerosos são os componentes das espécies singulares maior será a força deles e a presença deles na Autoconsciência de Hera. Ilizia é a transformação do Ser Feto em Ser da Natureza; é a transformação do Ser Ovo no Ser da Natureza. Ilizia extrai força e vigor das transformações e quanto maiores forem as suas transformações maior será a força das espécies individuais e de cada um dos seus componentes. Ilizia é um DEUS que manifesta Hera nestas situações específicas.
Ilizia é um método adotado por Zeus e Hera para construir Autoconsciências que se desenvolvem e se tornam parte do Ser Natureza. O corpo do Ser Natureza é composto por cada Ser Animal, Vegetal, qualquer outro que dentro dela nasce e morre. Hoje sabemos que o que acontece no corpo da Natureza, de Hera, é o que acontece no nosso corpo com a restituição das células, com a modificação de colônia de bactérias e de vírus que nos compõem.
O nascimento é expressão do divino. Se como Seres Humanos devêssemos indicar dois limites absolutos, na ação da nossa magia, esses limites seriam o nascimento do corpo físico e a morte do corpo físico. São dois extremos mágicos que não podemos absolutamente renunciar. Esta impossibilidade de renúncia obriga-nos a considerarmos a vida como uma corrida longa, que vai do nascimento do corpo físico à morte do mesmo. Uma corrida longa que começa com Ilizia, mas nem sempre termina com Hecate.
Quando inicia com Ilizia significa que o Ser Feto conseguiu levar a cabo a sua corrida, entre os braços de Perséfone, amadurecendo e construindo a si mesmo no ventre escuro da sua mãe. Quando o Ser Humano, manifestando Ilizia, nasce sob os raios de Hélio (que tudo observa), como irá prosseguir o seu caminho compete somente a ele. Dele depende a corrida com a qual alcançará Hecate. Nenhum destino está escrito! Nenhum destino foi estabelecido, somente as condições subjetivas dentro das quais o nascido poderá e deverá exercitar a sua liberdade. As regras são as condições do que veio a ser; nascer com as asas ou com os braços, implica nas adaptações específicas àquelas regras. As regras que as espécies da Natureza devem respeitar constituem o resultado do que veio a ser os Seres de cada espécie, por meio da adaptação subjetiva deles às variáveis objetivas, que são encontradas ao nascerem.
O primeiro objetivo a ser obtido pelo novo nascido na Natureza é Hebe. Hebe é a transformação do Ser nascido na Natureza desde a idade infantil, ocasião em que amadurece a sua estrutura físico-emotiva, até ser adulto capaz de reproduzir a si mesmo. É a conquista da maturidade sexual que o torna apto a fazer germinar outros Seres da sua espécie. Deste modo Hera pode continuar a se expandir por meio dos que nascem nela, na Natureza. A expansão do renascimento de Hera é expansão emotiva que se transfere ao corpo físico. Hera é o lado físico que propaga as emoções no mundo. Ilizia é o nascimento do Ser Físico: Hebe a maturidade sexual dele.
Tudo isto pertence ao ser singular, à sua singular espécie e à Hera. Tudo isto é a própria Hera. O espetáculo da sua reprodução por meio dos Seres da Natureza, e dos Seres Humanos que é o nosso caso.
Qualquer que seja o caminho que seguirmos devemos trilhá-lo com os apetrechos que a nossa espécie nos forneceu. Efetuemos o caminho com o auxílio de nossos olhos e nossas mãos, mas também com os limites do Ser Natureza a quem pertencemos.
Reconhecer isto (esta única verdade) significa não fantasiarmos, não desvairarmos com ideias daquilo que não somos e que gostaríamos de ser. CHAMAR AS COISAS COM OS NOMES VERDADEIROS DELAS! Significa enfrentar a vida e a existência por aquilo que ela é e não por aquilo que desejaríamos que ela fosse, seja respondendo à nossa nostalgia daquilo que não fomos capazes de acumularmos, seja à recordação das ocasiões que nos faltaram.
Chamando os Deuses da nossa existência pelos nomes Ilizia, Hebe e Hecate estamos reconhecendo a característica da própria existência. Reconhecemos o relacionamento entre nós e o divino descobrindo o divino que, de dentro de nós, nos incita a agirmos. O que significa uma desobrigação da nossa existência a qualquer forma de dependência, ou condicionamento para escolhermos as adaptações subjetivas melhores às variantes objetivas encontradas. Significa termos nas mãos a nossa vida, como quando éramos fetos e já escolhíamos os melhores ajustes possíveis para construirmos a nós mesmos na existência. Precisamente porquê ao reconhecermos Ilizia, Hebe e Hecate estamos reconhecendo que somos parte da grande Hera, o Ser Natureza, só que estamos também reconhecendo o DEUS dentro de nós que, nos afasta e nos livra do abraço da própria Hera.
A capacidade das Autoconsciências germinarem é dada pelas condições que os Deuses construíram para construir-se da melhor maneira possível e para o vir a ser, no infinito das mudanças. Eles, os Deuses, se constroem e, ao fazerem isto, fornecem as condições com as quais nós também podemos nos construirmos. Olvidar isto significa esquecer o que a nossa existência nos solicita, significa ignorar os desejos que, no interior de cada Ser Humano, incitam para que ele cresça, para que evolua, para que construa a si mesmo no infinito das mutações.
Hebe é o amadurecimento sexual dos Seres filhos de Hera, isto é a capacidade deles para construírem situações nas quais outros Seres possam germinar e se construírem pela vez deles. É um aspecto fundamental para construir-se o caminho individual no infinito, o caminho particular para tornar-se um DEUS. A sexualidade dos Seres da Natureza é expressão da vida em si mesma. A Energia usada no prazer sexual é a Energia da vida, é a própria vida, é a capacidade do Ser renovar a ele mesmo, como pessoa e como DEUS.
Estas são as regras da vida, Deuses eles mesmos, para serem evocados e chamados, regras exclusivas de cada Ser da Natureza como Zeus e Hera.
*NOTA*: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas" Edição de Nicola Zanichelli Bolonha 1929
Nota através da transmissão radiofônica do ano 2000 - início da revisão em 18 de setembro de 2014
Revisão
Marghera, 11 de novembro de 2014
São três os filhos de Hera e Zeus que analisaremos um de cada vez:
Hebe e Ilizia!
Ares!
A tradução foi publicada 11 de abril de 2016
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Venezia - Italy Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
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A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.