Conclusões da Religião Pagã sobre a
interpretação da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

De: CLAUDIO SIMEONI em seu LIVRO: * A ESTIRPE DOS TITÃS *

A Religião Pagã e a Teogonia de Hesíodo

 

Teogonia de Hesíodo: conclusões

* 52) CONCLUSÕES DA RELIGIÃO PAGÃ SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA TEOGONIA DE HESÍODO *

- A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses -

Conclusões da Religião Pagã sobre a interpretação da Teogonia de Hesíodo

Estas conclusões nunca terminam. Abrem-se às novas reflexões.

Os Seres Humanos tornam-se Deuses e, enquanto houver possibilidade, manifestam os Deuses dentro deles, pois eles descendem, de fato, desses Deuses. Ser "filho do deus..." não significa ter sido gerado por tal deus, mas significa que, nas ações, os Seres Humanos propagam no mundo e na sociedade as particularidades de um determinado deus... fazem-se aquele deus específico ao agirem; nutrem e deixam-se nutrir pela emoção daquele deus manifestado.

Hércules não é "filho de Zeus" porque nasceu de Zeus. Filhas de Zeus são todas as características que encontramos em Hércules e com as quais Hércules enfrenta a sua vida. Disto segue que: cada pessoa que propaga as mesmas características de Hércules, na sua vida do cotidiano, é filha desse deus. Descende deste deus não porque foi gerada por Hércules, no caso o deus que estamos nos referindo, mas porquê prolifera as *características* de desse deus.

Esta dimensão de filiação parece que foi esquecida muito rápido. Seguramente era conhecida no tempo de Sócrates. Efetivamente, Platão para poder dizer que Sócrates é um *tipo* do deus padroeiro de Atenas, não diz que Sócrates é filho desse deus, mas usa da explicação que demonstra que Sócrates é um *eleito* por aquele deus de Atenas. Ele profere: o deus diz que Sócrates é o mais inteligente e sapiente dos homens. Um exemplo diferente é o de Alexandre Magno que, no templo de Amon, quando diante das suas perguntas antecipa-se "Filho meu..." Alexandre magno acredita, de fato, ser filho de Amon e interroga a sua mãe para saber onde, como e quando traiu Filipe. O mesmo ocorre com Cipião Africano a quem sua mãe lhe diz que engravidou devida a uma grande luz.

Quantos veneráveis e conhecidos descendentes, nas comédias e nas tragédias deixei em suspenso? Os netos de Hiperião, e a própria Sêmele, filha de Cadmo e Harmonia. Todavia devo parar.

Deixei em suspenso, se ainda se lembram, Poseidon e o filho Tritão. As transformações deles formam estirpes que caminham paralelas entre os Seres da Natureza das quais, nós como Seres Humanos, somos parte. São transformações de consciências nas águas e nos abismos.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

*Os filhos de Anfitrite e Enosígeo*

- E Anfitrite e Enosígeo que profundamente rimbomba,
trouxeram à luz Tritão, gigante potente, que junto
à mãe e ao pai rei dos precipícios no mar habita,
dentro de uma casa de ouro reluzente, Númen terrível. -

Hesíodo, Teogonia 930 -933

Anfitrite nascida de Nereu e de Dóris, cujo nome é usado também para definir o mar, com Poseidon fez com que Tritão nascesse. Trata-se da representação divina, aos olhos dos homens, de todos os Seres que habitam os mares e dos oceanos.

De Poseidon segue o que se iniciou com Ponto e com Nereu em um mar fecundo.

Ou também a descendência de Hefesto com a Radiosa, Aglaia, nascida de Eurínome e Zeus.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- Hefesto teve como esposa Aglaia, ele o artesão ambidestro,
a mais jovem, a mais florida entre as Graças.

Hesíodo, Teogonia 945 - 947

Ou a descendência de Sol que com a oceânide Perseide levou Eeto ou Aeetes ao nascimento, e Circe. E de Eeto ou Aeetes e da oceânide Iduia ou Idea que levaram ao nascimento de Medea.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- A célebre Oceânide Perseide, uniu-se ao Sol,
o Incansável, Circe lhe deu com Eeto soberano.
Eeeto, depois, filhinho do Sol, que ilumina o mundo,
esposou, conforme os Deuses decidiram, Idúia, a bela,
filha de Oceano, do rio que corre nos confins da terra.
E com esta, a ele unida em amor, conforme quer Afrodite,
divindade resplandecente, deu-lhe Medea, do belo tornozelo. -

Hesíodo, Teogonia 956 - 962

Interrompi aspectos e impulsos dos Titãs. A respeito de muitas coisas, não falei, porque ignoro muitas coisas.

Tudo o que escrevo tem uma finalidade: a construção do futuro!

Esse fim é o que determina a minha interpretação. A minha busca das tradições religiosas do passado. Não se trata da construção do futuro como um dado que foi pensado, objetivo, mas se trata da construção de um futuro que me vem de encontro. Um futuro que percebo através da transformação que me forjou, construindo a minha percepção, no presente. Todavia, se vocês pensam encontrar, na minha interpretação de Hesíodo, um dado de VERDADE, entendida como uma interpretação objetiva e absoluta, como mostrado dentro de um campo acadêmico, ESQUEÇA-O!

A interpretação é MINHA! A interpretação é dada pela minha força, pela minha percepção e pela minha intuição. Eu habito o mundo, ajo no mundo e manifesto os Deuses que surgem dentro de mim, chamando os Deuses que estão presentes no mundo para que estejam ao lado das minhas ações. Todavia, do momento que o meu habitar o mundo está restrito à minha pessoa, presumo que cada interpretação acadêmica que parte do pressuposto de uma objetividade ao interpretar a Teogonia, seja objetivamente FALSA.

Ao interpretar a Teogonia de Hesíodo, o verdadeiro ou o falso não existem, enquanto objetos em si. O verdadeiro e o falso são determinados pelo habitar o mundo, pelos intentos daqueles que afrontam as contradições da existência. Aquele que faz experiências pode dizer o que o rato faz no laboratório, ao ser submetido às análises, porém, quem realiza as experiências está separado do rato: não sente aquilo que o rato sente, não raciocina como o rato raciocina, não tem os intentos do rato. O pesquisador procura no rato uma objetividade que não existe, porque as ações da rato são equiparadas às ideias apriorísticas que o pesquisador tem a respeito daquelas ações. E da mesma maneira é em relação aos Deuses. Nem sempre viver os Deuses nos permite elucidar os Deuses, mas de acordo como vivemos os Deuses, de acordo como inserimos os Deuses, na nossa existência, afirmamos o verdadeiro ou o falso ao que tange à realidade deles.

Eu ajo para construir o futuro que percebo. Uma coisa vocês encontrarão na minha interpretação da Teogonia de Hesíodo: o respiro de LIBERDADE!

Aquele respiro que tira do Ser Humano a tentação de agarrar-se a um tronco de árvore enquanto, no mar tempestuoso da vida, ele tenta sobreviver entre os vagalhões. Eu afastei alguns troncos. As mãos do náufrago são estendidas para se apoiarem no caos da percepção que o cerca, outros troncos se lhe apresentaram, outros apoios aonde sustentar-se. Lá eu não estarei. Não estarei para afastar os troncos, posso tão-somente colocar as bases para que os Seres Humanos entendam os Deuses pelos quais são constituídos, e possam usá-los para enfrentarem as tormentas da vida.

Eu narro, mas o esforço, isto é, a aplicação do sentimento emotivo e a paixão que será útil aos Deuses, é uma busca que está no interesse de cada Ser Humano individual.

Compreender o Poder dos Titãs que forjou isto que somos, concedendo-nos a possibilidade de nos tornarmos Titãs pela vez que nos compete, representa um esforço que alimenta e chama os Titãs dentro de nós. Cada vez que uma de nossas mãos se afasta de um tronco, no mar tempestuoso da existência, tronco esse que só cria dependência e oferece uma segurança ilusória, o Ser Humano é obrigado a encontrar apoio na oportunidade que encontra, e essa oportunidade está dentro dele. O Ser Humano é forçado a recorrer aos Deuses que estão dentro dele. É forçado a atrair o seu Poder de Ser próprio. O apoio, que está dentro do Ser Humano, é a manifestação do ou dos Titãs que ele evoca. Cada vez que evoca um dos Titãs ele se movimenta, no mar tempestuoso da vida, como se fosse aquele Titã que evocou. Representa-o, alimenta-o, evoca-o com voz ensurdecedora para que o sustente no mar da sua existência privativa. Cada vez que renuncia a um amparo, alimentando assim a um Titã, representando esse Titã no mar revolto da existência, esse Ser Humano está moldando a si mesmo, está a manifestar a razão na qual os Titãs construíram as condições para ele poder ser aquilo que ele é, e o que ele ainda poderá vir a ser.

Qual foi o intento do qual parti para analisar a Teogonia de Hesíodo? Eu queria entender como e porquê foi interpretada, como foi interpretada pelos cristãos, e retomar o entendimento do antigo sentimento religioso que interliga os homens ao mundo em que vivem. Eu queria retomar o fio do nó que foi desfeito na transformação religiosa.

Um nó que começou a ser desfeito com a chegada de Platão primeiramente, e depois desmanchado pelas religiões reveladas que, através das suas "verdades" reveladas, através do Jesus delas, aquele que quis passar como sendo uma verdade objetiva e, assim, impôs a submissão dos Seres Humanos a um deus criador, e com isto passou a impedir a transformação dos Seres Humanos nas mudanças eternas. As religiões reveladas destroem os Deuses que estão dentro do Ser Humano por meio da submissão à fé, sem direito à nenhuma crítica; elas fazem com que o homem se sinta perdido e temeroso, se sinta um covarde, no mar agitado da vida; as religiões reveladas tornam o Ser Humano carente de conforto e por isso colocam-no de joelhos diante do deus-patrão.

Foco, Achille, Enea, Agrio e Latino, Nausitoo e Nausinoo, Fetonte e Memnone, etc. Quantos foram os Deuses que interrompi nos comentários, enquanto Hesíodo assim canta:

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- E salvai vós, ó Musas que têm residência no Olimpo, Ilhas, e vós Continentes, tu Ponto das águas salgadas.
E agora cantai a estirpe das Deusas, ó cançonetistas.
Musas do Olimpo, filhas de Giove que agita o escudo,
quantas nos leitos dos homens entrastes e nascestes para morrer,
Deusas, eles geraram filhos que na fisionomia lembravam Númens.-

Hesíodo, Teogonia 963 - 968

E assim as Musas narram a Hesíodo:

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

* As filhas da Harmonia*

E Harmonia, a filha da Afrodite resplandescente,
com Cadmo gerou Ino e Sêmele, Agave com as maçãs do rosto
floridas
e Autônoe, de cabelos floridos, que foi consorte de Aristeu,
e Polidoro, todos nascidos em Tebas.

*As filhas de Calírroe *

Calírroe, a filha de Oceano, ligou-se em amor - assim quis Afrodite -
com Crisaor de ânimo feroz,
e ela pariu um filho, Gerião, de todos os mortais o mais corajoso. A
este, por intermédio dos bois novos, mais tarde Hércules em Erítia,
cercada pelo mar, concedeu a morte.

* Os filhos de Aurora *

Unida em amor a Titono, Aurora deu à luz Mêmnon, rei dos Etíopes, das armas de bronze, e Emathion, o soberano.
E, posteriormente, procriou com Céfalo um brilhante filho,
Faetonte, excelso herói mortal que aparentava um Númen.
Ele jovenzinho, na flor da idade, na mais tenra e fervorosa,
menino ingênuo, fascinou a amiga do riso Afrodite,
para longe levou-o aos seus templos sagrados, tornando-o
dos templos o seu ministro noturno e entre os Démons (nota: Seres inspiradores das ações humanas)
o mais ilustre.

* O filho de Medeia *

E a filhinha de Eetes, do soberano educado pelos Númens,
atraiu o filho de Esone - pois isto era o desejo dos Númens,
afastado do pai, pois teve de cumprir façanhas horríveis,
e tantas eram as façanhas a ele destinadas pelo soberano soberbo
pelo arrogante Pelia, cruel e desumano. E cumpridas as façanhas,
no reino de lolcos,
após muitos trabalhos, retornou sobre a nau veloz conduzindo a
filha de Eetes, das pupilas reluzentes, em flor, tornou-a sua esposa.
Ela, pois, amou Jasão pastor de povos,
deu-lhe Medo, jovem que cresceu entre os montes de Quíron, filho
de Filira; e assim cumpriu-se a o querer de Giove. -

*Os filhos de Psâmate e de Teti*

- Quanto às filhas do velho Mar Nereu,
Psâmate, a Deusa entre as Deusas, como quer Afrodite,
deu à Luz Foco, mistura de amor com Éaco.
E Teti em prata, misturou-se em amor com Peleu
deu à luz Aquiles, matança de homens, coração de leão.

* Enéias, filho de Anquises e Citereia *

- Citereia, da coroa indefinida, deu vida a Enéias,
que com o herói Anquises estreitou-se em amor sobre o cume
do selvático Monte Ida dividido por vales. -

* Os filhos de Circe *

- E Circe, em seguida, a filha do Sol que atravessa o Céu,
une-se em amor com Ulisses de coração paciente, deu vida a
Ágrio, e a Latino corajoso e imune a vícios,
e a Telégono, como estabeleceu a divina Afrodite.
E eles, bastante longe, no seio da sagrada ilha,
abateram o comando de povos confinados. -

* O filho de Calipso *

- E ligada a Ulisses, o astuto do amor disponível, a divina Calipso gerou Nausítoo e Nausínoo.
Estas as Deusas que, unidas aos homens nascidos para morrerem,
deram à luz filhos que em tudo aparentavam Númens.
E as mulheres agora cantam as suas estirpes, ou as Musas de vozes agradáveis, do Olimpo, as filhas de Giove que agita o escudo. -

Hesíodo, Teogonia 975 - 1022

Quantas histórias podem ser iniciadas com este elenco.

Quantas gerações de heróis e de estirpes foram perdidas! E mesmo assim, todos os HERÓIS estão ao nosso redor. São todos aqueles que no mar tempestuoso da vida física (em Hera) evocam os Titãs, e constroem as ocasiões para a própria espécie.

Os Titãs voltarão saindo do imenso Tártaro? Os Titãs estão aqui, dentro deste Tártaro que é o nosso coração, o nosso sentimento e o nosso intuir, a nossa coragem em movermo-nos no mar tempestuoso da vida. Os Titãs estão no Tártaro que está sempre ao nosso redor, estão além da nossa intuição, além dos nossos desejos e da nossa percepção, mas estão na coragem que manifestamos na nossa existência e que é o RITO DE EVOCAÇÃO em relação a eles!

Quando procurares os Titãs, enquanto estás cansando-te no mar tempestuoso da vida, não volvas os olhos ao passado, mas olha ao teu redor! Ao redor, no tempo presente, os Titãs manifestam a forma deles! Manifestam a presença deles nas ações de cada um que nasceu em Hera. Eles se manifestam e mostram a presença deles nos Seres Humanos que te cercam. Tu os reconhecerás! Tu irás reconhecê-los intuindo-os com o coração e fazendo-te com que sejas guiado pelo teu intento: O Eros infinito surgido e originado, que é a manifestação de cada consciência em Gaia.

Tu os reconhecerás pela luz dos olhos deles e pelas ações das mãos deles! Tudo o que existe foi forjado por obra dos Titãs, e portanto, somente os Seres Humanos que, se comportam como os Titãs, podem modificar o presente fazendo deste presente um grande presente.

Não permitas que palavras suaves te enganem, não deixes que as ilusões te enganem. A Noite Negra e os filhos dela estão ao teu redor e estimulam o teu intuir para que os teus olhos saibam penetrar a escuridão e o horror da submissão; e o teu intuir saiba evocar os Titãs dentro de ti para elaborar as estratégias na construção da estrada que te conduz ao OLIMPO!

*NOTA*: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas" - Edição Nicola Zanichelli, Bolonha 1929

Nota através da transmissão radiofônica do ano 2000 - início da revisão em 18 de setembro de 2014

Revisão

Marghera, 20 de novembro de 2014

A tradução foi publicada 21 de Julho de 2016

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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Claudio Simeoni

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A análise da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.