Coto, Giges e Briareu são filhos de Urano. Esses Gigantes, filhos de Urano, desaparecem da cena da Teogonia depois que o pai acorrentou-os no Tártaro.
Os Centimanos ou Hecatônquiros são representados com 50 cabeças e cem braços. As cabeças representam os sentidos, o pensamento, a percepção e a inteligência; e os braços representam a capacidade de ação: eles são a emoção feita em ação.
Além dos Hecatônquiros, entre os filhos de Urano Estrelado que colaboram com Zeus, são lembrados também os Ciclopes: Brontes, Estéropes e Arges.
Hesíodo escreve na Teogonia, traduzida por Romagnoli:
- E posteriormente, gerava do coração soberbo, Estéropes, Brontes, e Arges o de coração austeríssimo: o trovão este foi dado a Giove, forjaram o raio. Eles, em tudo eram similares aos outros Celestes Imortais, mas no centro da fronte tinham somente um olho: tiveram portanto o nome: Ciclopes: porque somente um olho se abria a eles de forma redonda, no meio da fronte. Eram portadores de uma força colossal, nas obras grande sagacidade. E os outros nasceram também como filhinhos da Terra de Urano, Coto, Giges, Briareu, filhinhos de extrema arrogância. Desses cem mãos despontavam fora dos ombros, indomáveis, ferozes, cinquenta cabeças cresciam fora dos ombros de cada um, e sobre eles os membros maciços; e de uma força valorosa sem fim naquele aspecto horrendo. -
Hesíodo, Teogonia 139 - 153
A ideia universal é esta: a vida surge somente através de Urano Estrelado. A emoção transforma o não vivente em vivente. Em Autoconsiência.
Cronos e os Titãs podem construir o mundo do tempo castrando Urano Estrelado, mas Hesíodo não nos conta qual o papel que têm no mundo do tempo Afrodite e as Eríneas qua nascem do pênis e das gotas de sangue que caem no mar.
O tempo pode ser gerador de vida?
O mundo emotivo se transforma por intermédio da experiência. O mundo do tempo se estrutura fazendo de cada ação um objeto que ocupa um espaço, mas não um tempo; o mundo da razão constrói um tempo linear que vai do nascimento à morte do corpo físico, no qual a consciência manipula a energia vital própria, a estrutura emotiva própria, através das ações que executa no mundo e na qualidade em que veio a ser.
A guerra contra o tempo, para separar a razão do presente em que está aprisionada, não foi vencida por Zeus, mas é vencida pela emoção, proveniente do mundo emotivo, dos Hecatônquiros e dos Ciclopes que fornecem o raio e o relâmpago a Zeus.
A batalha dos Hecatônquiros constitui a batalha, como representação "estética", para instilar a vida na não vida.
Hesíodo escreve na Teogonia, traduzida por Romagnoli:
- Assim, uns sobre os outros lançavam os golpes dolorosos; e chegavam ao céu os gritos destes e daqueles, e uns sobre os outros se precipitavam com ímpeto grande. E Giove não reprimiu a sua fúria, mas de súbito o coração encheu-se de uma cólera negra; e com toda a sua força deu mostra: abaixo do Olimpo e do céu a um só tempo, nunca desistindo, lançava relâmpagos; e em fúria os raios juntamente com setas, com os trovões", das mãos vigorosas voavam constantemente, com o fogo celeste se agitavam em círculos. Arsa num rumor grandioso ao redor da Terra doadora de vida, Ao alto crepitava, uma cinta de fogo, a selva infinita; em toda a terra, e do Oceano um turbilhão ardia, o infecundo Ponto: cercava os Titãs terrestres névoa incandescente, pelo éter divino uma chama se difundia: pelo tanto vigorosos, as suas pupilas ardiam com o clarão brilhante dos relâmpagos e dos raios. Envolvia o Caos um incêndio infinito: parecia, se as pupilas pudessem ver, os ouvidos se oferecessem para escutarem, como se embaixo, a Terra, acima no alto, o Céu ilimitado, se misturassem: de tal forma ressoava tremendamente o barulho: porque abaixo ela desabava, porque o céu ao alto balançava. Tal estremecimento surgia do choque de guerra dos Númens. E desencadeavam ventos no terremoto e nuvens de poeira, com o trovão, com os relâmpagos, com o raio indistinto, dardos do sacro Giove, provocando sons tenebrosos e os clamores. Em meio de uns e outros: surgia um incessante clamor pela luta terrível corpo a corpo, surgia o horror da heroica façanha. -
Hesíodo, Teogonia 684 - 712
A batalha é a preparação ao novo equilíbrio do mundo. Um mundo pronto para gerar novas consciências e novos conhecimentos que se constroem, individualmente, na forma e na matéria, na quantidade e na descrição da forma do mundo.
Como podem Coto, Giges e Briareu acorrentarem Iperione ou os seus filhos? Na realidade, a batalha é uma exteriorização de Hesíodo da fundação da razão humana. A separação da razão humana da imensidão desconhecida na qual baixou. Nesse desconhecido são segregados os Titãs, as suas consciências e os seus conhecimentos. Na razão humana está presente Poseidon e Zeus Egiogo, colecionador de nuvens. Briareu (ou Obriareu), Giges (ou Gia) e Coto representam forças emotivas da transformação. São filhos de Gaia e Urano Estrelado, de tal modo potentes ao ponto de amedrontarem o próprio Cronos. Destas forças, destes Deuses, Zeus se serve para separar a consciência e a inteligência humana, do fragmento, de onde vem a ser aquele que domina: o intelecto, a RAZÃO.
A Titanomaquia é a luta que acontece no cosmos estando toda dentro do Ser Humano, para da uma forma e uma ordem ao Caos pelo qual está rodeado. "Um prodigioso ardor penetrava Caos, e parecia diante dos olhos ver-se, e aos ouvidos ouvir-se o som, como quando Gaia e o amplo Urano acima se chocam..."
Coto, Giges e Briareu não inserem nenhuma ligação a Eos, Selene ou Hélios, mas constroem a separação entre a razão humana e a imensidão desconhecida que a cerca. Separam a percepção humana da percepção e manifestação emotiva dos imensos conhecimentos que a cercam, limitando a descrição à forma. O imenso mundo torna-se mudo. Eis, Selene não fala mais! Hélios não envia as mensagens imensas e Eos é condenada por Afrodite a estar sempre enamorada nas suas manifestações (quantas emoções a aurora doa ao ânimo humano; um espetáculo que se reitera em milhões de anos, através de milhões de paixões e de amores!). As suas Consciências estão enclausuradas no Tártaro. O tártaro e a parede de bronze, que separa a nossa razão do desconhecido exatamente como a imensa serpente, filho de Equidna e Tifão, é colocada na guarda dos pomos áureos das Hespérides. Como os pomos áureos das Hespérides são colhidos pelo Ser que governa o mundo fundando nele o seu futuro, mesmo se vier a ser engano pelo Ser que percorre o caminho do Conhecimento, assim o Ser Humano para conseguir "falar" com Hélios, Eos e Selene deve atravessar um espaço imenso que uma bigorna de bronze percorreria, se devesse cair, por nove dias e nove noites. Onde os nove estão para os nove meses de gestação da criança no ventre da mãe. Um percurso que vai da fecundação na Terra como Ser da Natureza, parte de Hera.
Aqueles recessos do Tártaro são odiados inclusive pelos Deuses.
É o terreno da Liberdade para os Seres da Natureza, que penetrando-o, transformam-se em Deuses, porém são temidos pelos Deuses do Olimpo. Para fazer-se abrir as portas do Olimpo por Zeus é necessário que o Ser da Natureza penetre o desconhecido que o cerca. Zeus e Hera temem aqueles recessos porque esses recessos são oficinas dos Deuses, que percorrendo o caminho deles se destacam do caminho traçado por Zeus e Hera percorrendo uma vereda própria inclusive, senão em contraposição a Zeus e Hera.
A titanomaquia inteira outra coisa não é, senão a luta através da qual Zeus libera a razão humana de um número infinito de solicitações, para limitar-se em uma descrição, onde a vontade, a foice dentada de Gaia, serve para ampliar os limites da razão. Sem limites, as solicitações infinitas às quais é submetido o nascido na Natureza, se perderia e não compactaria a si mesmo nas estratégias da sua própria existência.
Zeus usa as forças emotivas para construir as razões de vida dos Seres que germinam no mundo, e aprisiona os Deuses Titãs para impedi-los de aprisionarem os nascidos na Natureza no mundo do tempo. Aprisiona os Titãs no único lugar inacessível à razão, no Tártaro. O lugar sem forma ao qual, exatamente por falta de forma, a razão não tem acesso. A razão, a descrição, não pode ter acesso, mas não o indivíduo. O sujeito da Natureza quando disciplina o controle da razão e impõe a esta o silêncio, pode comunicar-se com o mundo do tempo. Todavia, deve sair fora do mundo do tempo, porquê as suas estratégias de vida têm lugar para existirem na razão: ele é um filho das condições construídas por Zeus, não pelos Titãs. O indivíduo nascido na Natureza germinou nas condições que foram impostas por Zeus, mas essas condições implicam no tempo como transformação, e a emoção como substância da sua existência. O indivíduo da Natureza superando as paredes e as portas de bronze, que a ele foram colocadas por Poseidon, como proteção, pode entrar no mundo do tempo para entender as dinâmicas do seu presente, mas assim como Ulisses entra no Hades, do mesmo modo o Ser da Natureza, uma vez obtidas as informações do mundo do tempo deve sair fora e racionalizá-las para transformá-las em conhecimento, informação, estratégias em sua própria vida, no mundo da razão.
Superando as portas de bronze se supera a descrição e a forma aonde o Ser Humano está preso. Superando a forma e a descrição, Eos não se limita mais a golpear a nossa recordação com um sentimento nostálgico de qualquer coisa que foi perdida. Nem Hélios está sozinho porque transporta Apolo sobre o seu carro, e Selene não é somente a amiga que ilumina as noites com o seu esplendor. Eles se apresentam ao nosso discernimento e à nossa Consciência com o discernimento e com a Consciência deles, de Deuses Titãs. Desse modo Eos nos fala do seu nascimento de amor pelo mundo, do seu prazer em que a satisfação enriquece a sua Consciência e o seu discernimento. Hélios nos conta a história das Autoconsciências que o compõem, construindo a grande Entidade Divina, à qual o próprio Zeus deverá dobrar-se tornando-se parte deles. Nos conta lendas infinitas de como os caminhos ao Conhecimento e à Informação iluminaram, e de como alimentaram o Pode de Ser dos Seres Humanos femininos, na fundação do futuro da nossa espécie.
Para fazer isto, é necessário superar as portas de bronze, que Zeus estridente colocou-as como uma proteção nas fronteiras da razão, dos Seres Humanos.
O território de caça ao Conhecimento e ao entendimento (desse Conhecimento) constitui o território que é temido pelos mesmos Deuses: a terra negra do Tártaro escuro com largas estradas.
*NOTA*: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas", Edição de Nicola Zanichelli, Bolonha 1929.
Nota através da radiodifusão do ano 2000 - início da revisão em 18 de setembro de 2014
Revisão
Marghera, 22 de outubro de 2014
A tradução foi publicada 06 de janeiro de 2016
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Venezia - Italy Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
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A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.