Reia e Cronos são dois Titãs, filhos de Gaia e Urano Estrelado. Estes dois titãs colaboram para a concepção da Natureza, da qual somos parte, de uma maneira tão direta que são considerados o símbolo do mundo do tempo. Ambos representam seja o tempo que passa, seja o tempo como mundo, seja a emoção que se revela no tempo.
Estes dois Titãs são o tempo, como realidade objetiva e como representação ideal onde se insere a vida racional.
Reia: aquela da qual tudo flui.
Cronos: o fluir
Reia e Cronos são filhos de Urano Estrelado e de Gaia.
O tempo que flui, o tempo como mundo, tem em Cronos a sua identificação. Cronos é o mundo do tempo. Um mundo onde a emoção se manifesta através da ação e a ação é o objeto, a substância com que a emoção se plasma, modifica e circula nas relações.
Reia não podia empunhar a foice de Gaia; a sua Autoconsciência estava ligada à formação das Autoconsciências de Urano Estrelado. Podia, no entanto, associar-se a Cronos. Reia é aquela da qual tudo flui. Aquela de quem a vida flui. O tempo deveria, pois ser o fluir, a empunhar a foice dentada de Gaia, e de Reia, fazer fluir a vida.
Assim, as Autoconsciências, daquela de que tudo flui, associando-se com o fluir, individuaram a objetividade, na qual manifestarem-se por meio do fluir, a mudança, a transformação e o vir a ser deles.
Hesíodo escreve, traduzido por Romagnoli:
- E Reia, unida a Cronos, deu à luz filhos belíssimos, Héstia, Demetra, e Hera, a Deusa de calçados áureos, Hades, que sob a terra tem moradia, de índole forte, coração desapiedado, e Posídon que ressoa nas profundezas, e Zeus, mente sábia, pai dos homens e dos Númens, debaixo de seu trovão, na amplíssima terra, tudo se agita. Mas, o grande Cronos engolia, a cada um que do útero sacro caísse sobre os joelhos de sua mãe, e que tivesse em sua mente, para que nenhum dos admiráveis dos Urânios, entre os imortais, tivesse a honra de ter o reino: porque da Terra havia tomado conhecimento, sendo de Urano parente das estrelas, que para ele estava destinado fazer sucumbir o seu pequeno filho. Para ele, os olhos não estavam fechados: vigiava; e os seus filhos devorava. E Reia se atormentava com uma dor amaríssima. Mas quando esta já estava para dar à luz de Giove, pai dos homens e dos Númens, endereçou a precação aos seus adorados genitores, a Urano coberto de estrelas, e à Terra, para que em aliança encontrassem um modo para que o fruto do seu parto pudesse esconder, em contrapartida ao pai das Erínias e pelos seus filhos deglutidos pelo poderoso Cronos, astuto. -
Hesíodo, Teogonia 453 - 473
Réia é o Ser Terra em si. Gaia é a terra como corpo inconsciente; Equidna é o fogo emotivo da Terra e Réia é a terra como inteligência e como Autoconsciência. A noção de uma manifestação de Urano Estrelado. Aquela parte que nos diz respeito e sobre a qual concentraremos a nossa atenção, porquê daquela parte nós descendemos e construímos o nosso existir. A sua quantidade; a sua qualidade!
Réia é o Ser Terra em si mesma. Filha da Energia Vital, Gaia, e dos processos de discernimento próprios de Urano Estrelado.
Réia, juntamente com Cronos, constrói as condições através das quais novas Autoconsciências possam se construir, manejarem a foice de Gaia, determinarem-se, a elas mesmas, no infinito, e estas permitindo com que Réia possa alimentar, ulteriormente, a qualidade das suas transformações privativas. Vamos seguir com atenção os motivos, pelos quais Réia reputa importantes para construir as condições com as quais outros Seres possam construir a si mesmos, sobre a sua superfície; e vamos considerar o quanto Ela, com Cronos, dão origem às condições na construção de novas existências.
Essas condições nos levaram a ser o que somos, e não estamos aptos para ignorá-las. Essas condições são Deuses que constroem a eles mesmos, no infinito das mudanças, e com as quais devemos tecer os nossos desafios da vida.
Estes Deuses são a estratégia da nossa existência; a objetividade pela qual existimos e a objetividade com a qual o nosso vir a ser se transforma em estratégia de existência.
Cronos se manifesta em Réia. O tempo flui através de Réia e gera as condições nas quais pode nascer e desenvolver-se a vida. E Réia procria Héstia e Demetra, Hera e Zeus, Hades e Poseidon.
Estes são os filhos de Cronos. Nenhum deles está imóvel, nenhum deles constrói o seu vir a ser sem as mudanças e as transformações. Nenhum deles constrói o seu vir a ser sem uma forma racional que manifeste essas tensões divinas. Eles não se manifestam neles mesmos, se manifestam em um corpo, em uma forma e se expandem em tudo o que os cerca. Eles não se manifestam em outros Seres Alimentando-se da representação que deles mesmos outros Seres constroem, eles são a objetividade que é "usufruída" pelos outros Seres. Eles são Deuses que se manifestam neles mesmos, também, em um corpo que os define, embora para a razão esta realidade possa parecer vaga, isto é ininteligível, uma manifestação que interage com os Seres da Natureza. São Deuses que se constroem interiormente à mudança, e através da mudança se expandem no espaço e no tempo, alimentando, assim, a cognição e perspicácia deles.
Astreia se manifesta nos Seres. A atmosfera, como sendo Zeus, manifesta-se nela mesma, contem e alimenta os Seres da Natureza, mas tem uma realidade material independente desses Seres. A atmosfera faz parte de Réia, todavia é diferente de Réia. Distingue Réia e determina a qualidade de manifestação da própria Réia em si mesma. Astreia é o que é nela mesma, com as suas características próprias, mas o seu corpo físico está fora do físico no qual os Seres da espécie a que pertencemos manifestam esse físico deles. Zeus pertence à nossa existência. Ele é parte de nós! Está incorporado em nós, e enquanto está integrado em nós, o modificamos.
O DEUS mais antigo, o último a ser vomitado por Cronos, é Héstia. Héstia, bem como Demetra, é um DEUS que não representa a sua Autoconsciência no físico ao qual pertencemos, porém se manifesta internamente e através dos Seres da Natureza. Héstia, assim como Demetra, é estratégia de existência de cada Ser da Natureza. A constituição de Héstia e Demetra pertencem ao campo psico-emotivo do indivíduo. De qualquer individualidade da Natureza, seja qual for a espécie na qual o Ser germinou. É um continuar dos Seres da Natureza. Um prosseguimento divino sem o qual não existe um avançar, uma transformação. Um prosseguimento físico porque as propensões psico-emotivas são predisposições que pertencem ao físico do corpo vivente. Todos os filhos de Cronos e Réia prosseguirão através de Héstia e Demetra! Sejam os que manifestarão a vida deles em Zeus, Hera, Poseidon ou em Hades.
Zeus, Poseidon e Hades são a objetividade aonde se manifesta Hera. Héstia e Demetra são as estratégias do manifestar-se dos filhos de Hera em Zeus, Poseidon e Hades.
Conseguir entender como se manifesta este sistema divino, significa compreender os mecanismos da vida e as suas estratégias sobre esta planeta: sobre Réia na qual vivemos!
Reia, com outras Reia(s), gira em torno do Ser Sol, fonte da vida. Reia com outras Reia(s), respira(m) tudo o que decorre do Sol. Respira e inspira. A cada respiro absorve e perde uma quantidade de Energia Vital. Por que ao invés de dissipa-la toda, não utiliza uma parte dessa Energia para alimentar uma nova forma de vida que, respirando por sua vez, não a modifica e coloca em movimento uma parte? Por que, ao invés de extinguir no espaço toda aquela energia que poderia gerar outra vida, outra Autoconsciência, não a utiliza, pelo menos uma parte, para construir Consciência e noção?
O grande filho de Reia é Zeus!
Reia engana Cronos para permitir que Zeus venha a existir, a atmosfera de Reia. Desse modo, Reia vem a ser revestida e envolvida por uma Autoconsciência, que absorve Energia Vital, que dela se expande no espaço. Uma Autoconsciência que se modifica. Uma Autoconsciência, que torna Cronos vencido, pode prosseguir nas mudanças, através de Cronos. Uma Autoconsciência capaz de transferir o tempo e as mudanças, em forma e em quantidade. Cronos cede aos seus filhos a característica da transmutação, e estes se constroem por meio de fases de modificações. Estas fases de modificações obedecem ao grande respiro do mundo: Héstia e Demetra. Héstia é a conservação do grau de desenvolvimento da Autoconsciência, naquela espécie em que foi gerada; e Demetra é o contínuo crescer, o gerar contínuo, a metamorfose contínua, a ininterrupta busca de uma verdade, de uma nova Héstia, por meio da remoção dos obstáculos que a vida dos Seres da Natureza, encontra. Uma ininterrupta modificação no crescer e no vir a ser do númen divino, dentro de cada indivíduo de cada espécie. O prosseguir estratégico da evolução. Héstia: consolidar o melhor possível as adaptações subjetivas às variáveis objetivas, adaptações estas alcançadas pela espécie; Demetra: diversificar com mais perfeição o que a espécie conseguiu atingir, aprimorando-o ainda mais, e impulsionar aquela espécie ao crescimento em cada momento atual.
As espécies nas quais Héstia e Demetra agem são as espécies de Hera.
As espécies sobre as quais Héstia e Demetra agem são as espécies de Hera.
Hera é o ser Terra entendida como mãe dos Seres da Natureza! Hera é o Ser Natureza em relacionamento com Reia, que é o Ser Terra em si, como sendo filha de Urano Estrelado e de Gaia. Em Hera se manifestam os seus irmãos. Os irmãos que são Reia, e as misturas (original em italiano: crogioli), nas quais Hera gera as Autoconsciências.
De modo que, Zeus não é somente a Autoconsciência que envolve Reia, de quem é filho, que tornou-se Autoconsciência, mas é pai dos DEUSES!
Cada DEUS, dos quais falamos, se exprime pela presença de Zeus e na presença de Zeus, através dos filhos de Zeus. Quem não é filho de Zeus? Antes de todos Reia e Cronos. Reia é mãe de Zeus, mas ao mesmo tempo alimenta e é alimentada por Zeus. Reia é o Ser Terra em si mesmo e Zeus a sua atmosfera: o seu cobertor. Cronos, sendo portanto, mudança, é parte de Zeus, se manifesta em Zeus, e não está compreendido em Zeus. Cronos está dentro de cada existente possível, além do seu pai: Urano Estrelado. Urano Estrelado não é filho de Zeus, mas construiu a Zeus a oportunidade para a sua existência, e Zeus aproveitou-a. Gaia é a substância do existente, substância sobre a qual se enxerta cada Autoconsciência e cada discernimento de cada Autoconsciência. Portanto, Gaia não é filha de Zeus, mas é materialidade sobre a qual Zeus enxerta, une, a sua Autoconsciência e o seu discernimento. Exteriormente a Zeus permanece o intento: Eros! Necessidade de expansão à qual Zeus cede. Fica para trás, fora de Zeus, o Érebo que o contém. Os outros Deuses que demos nomes são equivalentes a Zeus, são parte da objetividade, ou, de qualquer modo se manifestam através de Zeus. Através de Zeus, Temis se torna potente entre os Seres da Natureza. Hiperião resplandece e é conduzido do infinito, no qual reside, aos Seres da Natureza: em Hera!
Cada aspecto divino que foi visto até agora foi em relação a Hera!
De Hera partimos para nos dirigirmos ao passado, e para lermos as transformações que levaram-na a isto que é agora. Nós, no entanto, não partimos do passado para compreendermos o agora, mas partimos do agora para compreendermos as mudanças que levaram ao agora. Nós partimos do ser Seres, de Hera, para compreendermos a objetividade que nos levou a ser seres de Hera, da Natureza.
Naquele momento em que uma Autoconsciência, característica de um planeta nos confins das Galáxias, deseja compreender os Deuses que construíram a objetividade, que permitiu o nascimento da sua Autoconsciência: pois diferentes serão os olhos que enxergarão aquelas transformações!
Nós nascemos debaixo deste céu: Zeus é o pai do existente!
Zeus venceu na sua batalha com Cronos e tornou-se filho de Reia. De Reia suga o leite da vida e restitui a Reia o respiro da Energia Vital. O leite da vida do Ser Sol e que chega sobre o planeta Terra: Reia! Zeus vai à procura da sua esposa. A esposa com a qual gera a vida! Antes de Hera gerará outras oportunidades. Para nós interessa isto: Zeus incestuoso envolve o Ser Terra e com ela gera Hera. Como? Hera não é filha de Cronos? Certamente. Hera deriva de Reia. Reia é aquela da qual tudo deriva e Cronos é o derivar. Hera pode efluir de Reia porquê Zeus a envolveu. Protegeu-a. Zeus desacelerou os fluxos de Energia Vital que do Ser Sol dirigem-se em direção ao Ser Terra, e desacelerou os fluxos de Energia Vital que do Ser Terra se dispersam no espaço.
Este modo de pensar, exclusivo da Teogonia de Hesíodo, é demonstrado no culto dos Órficos como está explicitado na Cosmogonia descrita no Papiro de Derveni. A Natureza nasce exatamente porquê a atmosfera, Zeus, se une à Terra, Reia, a madre.
Zeus permitiu o nascimento da Natureza: o nascimento de Hera.
Por este motivo, Cronos, o tempo, vomita Hera, o Ser Natureza, que mantinha dentro dele. Zeus permite a Hera manifestar-se à vida fazendo fluir nela mesma o tempo.
Zeus ativa outras misturas da vida (crogioli della vita) nas quais Hera pode revelar-se: Hades e Poseidon. As vísceras da terra e o mar que se tornarão fecundos, graças a Teti e Persefone, permitindo a Hera expandir-se inclusive naqueles ambientes (ou desenvolver-se daqueles ambientes).
Hera se expande inteiramente em Reia. Leva os seus filhos ao crescimento e ao desenvolvimento no imenso Poseidon, no Hades escuro e no límpido e brilhante Zeus. Hera é filha de Cronos porque os filhos que a compõem desenvolvem a si mesmos e a ELA, por meio DELES, todos seguindo as transformações, porém Hera é inclusive mãe, filha e esposa de Zeus porque os seus filhos respirarão Zeus e o modificarão. Zeus modificará a sua Autoconsciência e o seu entendimento atravessando cada filho de Hera. Alimentando em cada um o respiro, Zeus se transforma. Por este motivo, Zeus é pai e filho de cada Ser que de Hera inicia um caminho próprio, na eternidade das transformações.
Os filhos mais antigos de Reia determinam a estratégia dos sujeitos da Natureza, através da qual, se construirão no infinito.
Héstia é a VERDADE deles!
Héstia é aquilo que os Seres são, e aquilo com o que eles se constituem diante do mundo que os cerca. Eu sou aquilo que sou e aquilo que consigo entender daquilo que vim a ser: sou Héstia. Quando vim a ser Héstia? Em cada instante sou Héstia. A Héstia que eu sou. Diferente da Héstia que eu era ontem, enquanto no presente conservo zelosamente o que vim a ser. Quando, assumindo o presente em minhas mãos, me preparo para edificar o futuro, eu me torno Demetra, transformando, então, na busca, o meu presente e estou construindo um presente diferente, uma Héstia diferente com a qual me apresento ao mundo. Quando acolho em minhas mãos o meu presente, modifico a mim mesmo, afrontando as contradições da minha vida, eu me faço Demetra. Quando delimito e esmiúço o quanto eu posso entender de mim, e da minha relação com o mundo próximo a mim, procuro entender a Héstia que eu sou. Esta compreensão é a minha verdade! Esta operação não a realizo para compreender a mim mesmo. Não a efetuo para encontrar em mim mesmo coisas escondidas. Isto não significa que nos Seres, filhos de Hera, não se oculte um universo de transformações que deveram ser colocadas à parte na construção deles mesmos, nas condições em que foram germinados na espécie. Mil são as armas que podemos usar e com as quais entrarmos na guerra da vida em relação ao mundo ao nosso redor, mas duas são as mãos e as mudanças dos Seres limitadas, para poder usá-las todas. Portanto, de vez em quando, através das suas adaptações, o indivíduo de cada espécie escolhe quais, dos instrumentos colocados à sua disposição, usar para enfrentar as condições da vida, quais armas ter de reserva e quais esquecer. Nascendo, como Seres Humanos filhos de Hera, executamos uma seleção entre as possibilidades que a nossa espécie coloca à nossa disposição. Os filhos de Hera, por meio das transformações em milhões de anos, se aprovisionaram de muitos instrumentos, mas aprenderam a usar o mais oportunos, mais imediatos, com os quais fundar a sua própria vida. A compreensão não é para compreender quais transformações me levaram a ser o que sou, ou quais segredos se escondem em mim, mas para fundar o futuro.
Fazendo-me Héstia não me refiro à totalidade daquilo que poderei ser, mas reconheço aquilo que sou e como me descrevo diante do mundo. Fazendo-me Héstia, organizo a minha verdade: a verdade do que sou, em relação ao modo de como atuo diante do mundo.
Fazer-me Héstia não é um fim em si mesmo. Dessa forma, quando na minha casa entra Héstia, entra a capacidade dos seus participantes em conservar o bem-estar que se manifesta naquela casa, em relação ao mundo adjacente. Quando um Estado ou uma Nação se fazem Héstia nada mais fazem do que manifestarem a simpatia dos seus membros para agirem e manterem os níveis de bonança, alcançados por aquele Estado ou por aquela Nação, em correspondência ao mundo que lhes é confinante. Quando os participantes de uma Espécie da Natureza se fazem Héstia, demonstram a determinação para conservarem a espécie deles, em relação ao mundo que lhes é contíguo. Héstia é a defesa da liberdade e do progresso alcançado: não se volta atrás!
Héstia!
Héstia, por consequência, é a conservação do que existe. Uma conservação ativa, porque implica no reconhecimento das capacidades subjetivas próprias em agir e interagir com o mundo circunvizinho. Héstia, na arte da guerra, representa a defesa. A defesa que reconhece perfeitamente a necessidade de tal ação, antecipa com ação de defesa à ação do ataque: a modificação do estado em que a Autoconsciência se encontra, e das relações com o mundo adjacente: Demetra!
Exatamente porque me faço Héstia posso transformar-me em Demetra!
Héstia é a verdade de acordo com a personificação do sujeito; Demetra é a liberdade através da qual o sujeito modifica a verdade do seu conservadorismo. Demetra é o progresso, mas também a modificação da percepção do mundo. Progresso como modificação de estado, modificação de Héstia e crescimento como ampliação da capacidade dos sujeitos em perceberem o mundo. Demetra, entre outras coisas, é Deusa da busca, da procura perene da Persefone raptada. Fazer-se Demetra conduz infinitamente para longe, em uma Héstia de tal forma enorme, que leva o sujeito a perder-se, quando não tem autodisciplina suficiente para modificar-se. Viver Demetra é como aquele navio, que tendo as amarras removidas de Héstia, que é porto da sua vida, zarpa para mares desconhecidos, buscando alcançar novos e desconhecidos portos. Fazer-se Demetra, leva um Ser a se agigantar, mas este engrandecimento deve seguir a linha traçada pela Héstia, daquela Héstia que partimos, para nos modificarmos, por meio da autodisciplina com a qual o dirigente do navio controla a rota da existência humana. O exercício da liberdade deve ser viável com a espécie: deve ser Demetra para a espécie inteira à qual o sujeito pertence; deve transformar-se em Héstia para ancorar novamente, e para zarpar novamente.
Uma Liberdade leva a uma verdade, esta se estabelece no Ser que expressou Liberdade que se adapta a ele até o momento em que a tensão acumulada por este Ser não o persuade a exercitar um outro caminho de Liberdade (ou um ulterior percurso de...) unindo-se a uma outra Héstia: uma outra verdade que jamais é antagonista da verdade precedente, mas constitui um progresso desta.
Estes são os trajetos por meio dos quais os Seres da Natureza podem vir a ser Deuses de acordo como Rea e Cronos impuseram aos filhos de Hera, e que de Hera são levados a olharem para o infinito, e assim, se conectarem ao Olimpo. Eles mesmos são Deuses e geradores de Deuses, que por meio dessa ação deles modificam a peculiar Hera.
Os filhos de Hera outra realidade não são senão a trajetória para a construção da própria Hera. Por intermédio dos seus filhos, por intermédio de todos os filhos do Ser Natureza, Hera segue o seu caminho exclusivo à eternidade. Não é Hera quem gera os Seres da Natureza, mas são os Seres da Natureza que, gerando-se e construindo as suas estratégias para o prosseguimento de sua existência, estão construindo Hera, que pela sua vez, guia os Seres da Natureza para ela mesma poder se desenvolver ulteriormente. Zeus liberou os seus irmãos do ofuscamento do tempo, e deste modo através da vida que nasceu da relação entre Zeus e a Terra foi liberada Hera. Hera nas visões de muitos videntes, surge como "o imenso mar escuro do aprendizado". Evoquem esse mar enquanto constroem a compreensão, e com o esforço moldem a Energia Vital com a qual alicerçarão o caminho de vocês no infinito das mudanças, e esse mar lhes socorrerá. Porque o conhecimento de vocês será o conhecimento daquele mar, que em troca da paixão que se dedicarão, lhes libertará dos esforços que farão para construir a compreensão de vocês. Tais esforços esculpirão a Energia Vital de vocês que os conduzirá a se transformarem nas mudanças infinitas: a Demetra infinita da Liberdade de vocês.
Evoquem a grande Hera e Hera lhes mostrará os desafios da vida.
Desafios suficientemente enérgicos, de modo que serão obrigados a se adensarem.
Desafios não tão avassaladores ao ponto de impedir-lhes de passarem a outros desafios!
O que Zeus obtém por ter truncado o vínculo de obrigação dos seus irmãos engolidos por Cronos?
Hesíodo escreve na Teogonia, traduzida por Romagnoli:
- Eles, depois, sempre foram gratos pelo seu benefício e a ele confiaram o trono, o raio violento, o relâmpago: Escondia-os antes a Terra no ventre gigante: neles Giove confia, e comanda os homens e o Númens. -
Hesíodo, Teogonia 503 - 506
Uma vez que a atmosfera de Reia se torna consciente dela mesma, e age para construir o seu futuro próprio, torna-se consciente também do uso do raio e do relâmpago com os quais a atmosfera do Ser Terra se manifesta. Do raio e do relâmpago nascem Seres conscientes, constituídos de Energia Vital exclusiva. Com o raio e o relâmpago Zeus contribui com Hera para o nascimento dos seus filhos, que são a própria Hera. O raio e o relâmpago são as armas da transformação da vida que, nas mãos de Zeus, se tornam as armas da concepção das Autoconsciências. É Gaia que tinha escondidos o raio e o relâmpago. Mantinha-os escondidos porque eles não conseguiam se manifestar exceto nas mãos de Zeus. Nas suas mãos, estes instrumentos, tornar-se-iam fornecedores de vida.
Portanto, aos pensamentos errôneos, isto é o que nasceu de Reia e de Cronos!
Isto é o que Gaia preparou aos seus filhos doando-lhes a grande foice de dentes aguçados.
*NOTA*: As citações da Teogonia são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas", Edição de Nicola Zanichelli Bolonha 1929
Nota através da radiodifusão de 2000 - início da revisão 18 de setembro de 2014
Revisão
Marghera, 17 de outubro de 2014
A tradução foi publicada 30 de novembro de 2015
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
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Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo Membro fundador da Federação Pagã Piaz.le Parmesan, 8 30175 - Marghera - Venezia - Italy Tel. 3277862784 e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
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A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.